Escrita pelo dramaturgo nascido no que era então o Império Austro-Húngaro, em 1901, a peça foi criada em 1931, no período pós-crise europeia de 1929, acabando por refletir as dificuldades económicas com que ainda se vivia na época.

A peça retrata uma Europa “em grande desespero e numa grande crise económica”, um desespero “que atinge toda a gente e que gira em torno de um casal – Casimiro e Carolina - que vai à Festa da Cerveja, a Munique, para se divertir”, disse à agência Lusa o encenador, Tónan Quito.

Casimiro acaba de ficar desempregado, pelo que se encontra desesperado, enquanto Carolina trabalha e vive em casa dos pais.

Aquilo a que se assiste na peça são várias cenas em que se reflete sobre o amor e sobre se é possível vivê-lo em momentos de grande crise, referiu o encenador.

Tal como Carolina diz a determinada altura da peça, todos vão à Festa da Cerveja, em Munique, para se divertirem, para esquecerem os problemas com que se debatem no quotidiano e para beber.

Beber para esquecer, podia ser um dos lemas da peça do dramaturgo de língua alemã.

Sobre o porquê da escolha da peça, Tónan Quito considerou-a “ótima para refletir sobre a crise que atingiu Portugal há quatro/cinco anos”.

“Apesar dos resultados apontados pelo Governo a dizer que há uma grande melhoria [em relação à crise], não se vive melhor em Portugal”, afirmou o encenador.

“Casimiro e Carolina” é uma comédia com muitas situações grotescas e absurdas que acaba por mostrar a solidão em que as pessoas vivem mesmo que estejam cercadas de amigos, acrescentou Tónan Quito.

Coproduzida pelo Teatro Municipal do Porto e pelo Centro Cultural Vila Flor, em Guimarães, a peça subirá aos palcos destas salas em junho, após a temporada no D. Maria II, onde vai estar até 29 de abril, com espetáculos às quartas-feiras, às 19:00, às quintas e sábados, às 21:00, e aos domingos às 16:00.

No dia 22, haverá uma conversa com os artistas após o espetáculo, moderada por Maria João Guardão e, no dia 22 de abril, a sessão terá interpretação em língua gestual portuguesa e com áudiodescrição.

Com direção de Tónan Quito e tradução de Maria Adélia Silva Melo, “Casimiro e Carolina” tem versão cénica e interpretação de Diana Narciso, Elizabete Francisca, Joana Bárcia, Miguel Moreira, Óscar Silva, Pedro Gil, Rita Delgado, Rita Rocha Silva e Tónan Quito.

A cenografia é de F. Ribeiro e o figurino de José António Tenente.