Foi em 2003 que Ursula Rucker pisou pela primeira vez o Hard Club e Portugal. A margem do Douro era diferente (o edifício do Hard Club erguia-se em Gaia e não no Porto), mas a emoção do primeiro encontro é a mesma que revelou à Lusa neste enésimo regresso ao país onde, à excepção dos Estados Unidos, mais vezes tocou.
“Já toquei tantas vezes aí. E foi o Hard Club que começou todo esse processo. Estou entusiasmada por voltar lá”, disse ao telefone, desde os Estados Unidos.
Para Ursula Rucker, os portugueses são o público mais sentimental e apaixonado que conhece. “Nota-se que há todo um país cheio de vida e de alma. É um sítio fantástico, com o qual tenho uma grande ligação. Eu considero que é como uma casa, apesar de nunca ter vivido aí. Sempre que regresso, digo que estou a voltar a casa”, assumiu.
No entanto, este regresso vai ser diferente de qualquer outro. O porquê tem uma explicação simples: no concerto de sexta-feira na sala portuense, Ursula Rucker vai apresentar “She Said", o seu primeiro álbum gravado ao vivo.
“É a primeira vez que faço algo assim, com uma banda completa no estúdio todos os dias, em todas as músicas, com todos a tornarmos o projeto possível ao mesmo tempo. É como se acontecesse magia, há uma espontaneidade que não existe nos meus outros álbuns”, explicou a poetisa urbana.
As linhas gerais estão lá – a crítica e a intervenção social, a reflexão sobre os direitos fundamentais –, mas o sucessor de "Ruckus Soundsysdom" (2008), “Ma'at Mama" (2006), "Silver or Lead" (2003) e "Supa Sista" (2001) é muito menos planeado que os anteriores.
A ideia partiu de Anthony Tidd, “um amigo” e o produtor executivo de “Ma'at Mama". “Foi o Anthony que me incentivou a fazer o ‘She Said’ ao vivo, com um ensemble. Pensou que seria bom capturar o sentimento que os antigos discos de jazz tinham”, completou a cantora e poetisa de Filadélfia, que é licenciada em jornalismo.
Apesar de estar assumidamente satisfeita com o resultado final – “adoro-o. Penso que é um álbum tão bom que só quero partilhá-lo com as pessoas” –, Ursula Rucker reconhece que “She Said” foi um caminho longo.
“Levámos apenas algumas semanas para gravar o álbum, mas até estar pronto foi preciso muito trabalho. Demorei muito tempo a editá-lo, a compô-lo. Foi um longo processo que implicou procurar pessoas para ajudar, para estarem disponíveis para editá-lo, porque o fizemos por conta própria”, relembrou uma das intérpretes internacionais de "spoken-poetry" mais reconhecidas.
Ursula Rucker sobe ao palco do Musicbox, em Lisboa, esta noite a partir das 23 horas. Amanhã actua no Hard Club, no Porto, pelas 22 horas.
@SAPO/Lusa
"Supa Sista" ao vivo no Musicbox:
Comentários