Cinco anos depois do platinado “Femina”, no qual colaborou com várias cantoras, Paulo Furtado equacionou o que significava ser The Legendary Tigerman – um só músico a interpretar rock n’roll e blues rodeado de instrumentos - e percebeu que tinha ultrapassado essa ideia de levar ao limite o formato que tinha escolhido. “Parece um passo pequenino, mas para mim é um passo gigante. É um passo em que ultrapasso o preconceito de que em estúdio isto tem que ser gravado como ‘one man band’ e, de repente, abre-se todo um universo de possibilidades para o futuro, que me deixa bastante entusiasmado depois de 15 anos de solidão, quase, neste formato”, afirmou.

Em “True”, que será apresentado na quinta-feira na discoteca Lux, em Lisboa, Paulo Furtado voltou a ter companhia em estúdio, mas ao contrário de “Femina”, os músicos convidados estiveram ao serviço da sonoridade que pretendia para as novas canções. As músicas foram escritas e produzidas ao longo do último ano, com o guitarrista isolado em busca dessa “verdade musical do momento”, daí o título do álbum.

Nele participam, por exemplo, os músicos Filipe Melo, Filipe Costa, Paulo Segadães e Rita Redshoes, que acrescentam “uma combinação feliz” de vários arranjos, num disco descrito por Paulo Furtado como “mais negro”, mas não desesperançado. “Tem a ver com a própria altura em que estou a fazer o disco e com o momento em que está toda a gente na rua e nada acontece e parece que não há nada que se possa fazer. Acaba por ser um reflexo do que se passa à nossa volta”, disse.

Paulo Furtado avança agora com uma série de apresentações pelo país, dias depois de ter estado em digressão pela Europa, em França e Suíça, por exemplo, onde o álbum já saiu.

Este ano, está prevista ainda uma ida ao Brasil (em maio em Brasília), uma passagem pelo México e pelos Estados Unidos e novos concertos na Europa. “Eu ando num circuito que não é o mesmo da ‘world music’. Ando no circuito rock n’ roll. Vão desde as 200 às mil pessoas, consoante as cidades. É o espetro para quem eu toco. E é conforme os discos têm melhor ou pior adesão, mas é uma realidade que me deixa muito feliz”, afirmou o músico.

Em palco, The Legendary Tigerman, intérprete de blues-rock com guitarras elétrica, bombo, pratos, kazoo e pedais, estará acompanhado de Paulo Segadães, subvertendo essa tal ideia do “homem-orquestra”. ”Dá-me alguma folga numa carga fundamental psicológica e emocional de carregar o concerto, e do erro estar à espreita em qualquer esquina. Às vezes não me consigo divertir nos concertos. A vinda do Paulo veio aliviar isso”, admitiu.

@Lusa