Palco Principal - No passado dia 21 de Setembro chegou às lojas o vosso álbum de estreia, o homónimo “Slide”. Segundo a informação veiculada num dos posts que, ao longo da carreira, partilharam com os utilizadores do Palco Principal, o disco foi lançado por vossa “conta e risco”, uma vez que os Slide não têm “editora, produtora, manager ou agência”. No mesmo post onde relatam esta vossa situação, confessam terem sorte em serem “uns teimosos de primeira”… Falem-nos um pouco sobre os esforços dispendidos no sentido de editar e distribuir um álbum por conta própria. Que barreiras encontraram? Foi, efectivamente, a teimosia a característica mais indispensável no decorrer de todo este processo?
Slide - Sempre quisemos que o nosso som ultrapassasse os limites da sala de ensaios. Quando, em 2008, decidimos avançar para o primeiro single, tínhamos a perfeita consciência do trabalho árduo que iríamos ter para promover o mesmo. Aprendemos o suficiente para que, em 2009, e de uma forma ponderada, optássemos por ser agentes, managers, editores, produtores e investidores do nosso álbum, mesmo tendo outras propostas em cima da mesa. Em relação à teimosia, julgamos que, quando bem aplicada, é muito proveitosa e nós somos bons exemplos disso.
PP - Noutro post por vocês criado, em que anunciam a finalização do álbum, reafirmam o facto deste ter sido “feito e pensado” por vocês, “com todas as vantagens e desvantagens que isso acarreta”. Quais são elas, na prática?
S - O simples facto de vermos o nosso CD nas lojas, tendo sido “feito e pensado” por nós, serve-nos de grande alento e dá-nos vontade de continuar a fazer mais e melhor. Desde o primeiro acorde até ao cheque para a gráfica, tudo passa por nós. Durante as 24h de um dia, tem de haver sempre espaço para a banda, para imaginar, inventar, ligar, insistir, procurar sempre algo mais. Temos consciência que, com o suporte de uma grande editora, seria bem mais simples chegar ao grande público e talvez de uma forma mais rápida, mas acreditamos na opção que tomámos. Obviamente, não fechamos as portas a uma boa proposta que possa vir a aparecer, mas, até à data, isso ainda não existiu, ou melhor, as que nos foram propostas não estavam de acordo com os nossos ideais.
PP - Falam do vosso disco como “um espelho real da banda”. Afinal, quem são os Slide? Como se formaram? O que pretendem transmitir? Como pretendem marcar a música portuguesa?
S - A banda formou-se gradualmente e, de estranhos, passámos a amigos, num processo naturalmente lento. Não acreditamos muito na música instantânea e feita a metro. Nós fazemos a nossa música sem pré-definições, em que o único objectivo programado é fazê-la chegar ao grande público. O disco ainda mal saiu e já nos “acusam” de comerciais. Bem, se querer fazer chegar a música a outras pessoas é considerado ser comercial, assim seja. Por nós é completamente indiferente. Se ela marcar algumas pessoas e se servir de inspiração a alguém, isso sim, é, para nós, motivo de orgulho. O “real espelho da banda” deriva de um discurso já antigo, em que o nosso objectivo seria o de conseguir chegar ao tipo de som e atitude que pretendíamos e que julgamos estar bem patente neste álbum. Sempre quisemos um som assumidamente rock, com carácter e personalidade.
PP - Num outro post colocado na vossa página do Palco Principal, comentam terem-se cruzado, ao longo da vossa carreira como membros dos Slide, não só com “gente desprezível”, como também com profissionais de “amabilidade infindável”. Alguma história caricata que queiram partilhar?
S - Como devem calcular, nestes anos muitas histórias se passaram. Desde os concertos às entrevistas, desde as reuniões aos e-mails. Não podemos ignorar a forma como muitos agentes do espectáculo tratam as bandas de originais. Sejam as entidades promotoras ou os próprios técnicos, normalmente vêem a música original como “passatempo”. A necessidade de rotular é algo que também não conseguimos entender, se é que alguém consegue. Mas, felizmente, há um outro lado bem mais interessante. Ficámos muitas vezes sem resposta para a forma como nos abordavam no final de cada concerto. Fomos recebidos de porta aberta em inúmeras rádios, pedindo o álbum que agora lançámos. Fomos empurrados a avançar por diversas pessoas que, por vezes, acreditaram na nossa música mais do que nós mesmos. É impossível resumir estas passagens a um ou outro momento. Foram muitos e variados. Tenham paciência, mas o melhor fica mesmo para nós.
PP - Qual a importância para a evolução e reconhecimento dos Slide de quatro das vossas músicas terem sido escolhidas para figurar em três novelas portuguesas (“Sentimentos, “Deixa que te Leve” e “Morangos com Açúcar”)? Consideram ter sido um marco crucial no vosso sucesso? O que terá sido mais determinante para o sucesso e divulgação da banda: a inserção das músicas nas novelas ou os showcases nas FNAC? Falem um pouco sobre cada uma das experiências.
S - Se uma banda se propõe entrar no mercado pelos seus próprios meios, a televisão é, sem dúvida, a melhor forma de o fazer. Vemos esta integração dos temas em produções televisivas como um sinal da nossa maturidade musical. Temos consciência da importância da televisão na vida das pessoas e temos colhido bons frutos dessa exposição. Já em relação à Fnac, é sem qualquer dúvida, a par de algumas televisões, quem mais apoia a música em Portugal. São espaços pensados para música ao vivo, para que bandas de todos os géneros possam mostrar o seu trabalho a pessoas que simplesmente passam e ficam, e que, normalmente, não estão educadas para ouvir novas sonoridades.
PP - Aquando do processo de escolha do título do álbum, pediram ideias e opiniões aos vossos fãs. Contudo, acabaram por intitular o registo com o nome da banda, “Slide”. O que motivou essa opção, não sendo essa a vossa disposição inicial?
S - Recebemos dezenas de propostas, umas mais originais que outras. A opção resumiu-se a uma questão de comunicação, o mesmo em relação à capa do Álbum. Simplesmente SLIDE. Como curiosidade, 80% das propostas recebidas tinham nomes em Inglês...
PP - Na vossa opinião, qual a importância de plataformas como o Palco Principal no desenvolvimento de uma carreira na área da música nacional?
S - Fundamentais. Assim como a web em geral. No nosso caso é bem provável que, se este meios não existissem, não ponderaríamos avançar para a nossa própria edição e teríamos ficado com a nossa música na gaveta até que alguém, um dia, por sorte, nos ouvisse e quisesse apostar em nós.
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