Depois de conquistarem o público alemão e holandês, os Sean Riley& The Slowriders preparam-se para embarcar numa nova aventura pela Europa. Antes disso, irão estacionar o seu Cadillac no Festival Sintra Misty, a 21 de Outubro, para encantarem os portugueses com o seu mais recente álbum, "It’s Been a Long Time", mas também com canções dos seus trabalhos anteriores, vestidas, especialmente para a ocasião,com uma roupagem mais calma e intimista.
Palco Principal - São considerados a banda mais americana de Portugal, na medida em que se aproximam, nos vossos temas, das sonoridades tradicionalmente americanas, como o folk, o rock e o blues. Faltava em Portugal um projeto que desse atenção a estes ritmos?
Afonso Rodrigues– Atualmente já existem alguns projetos que vão dando atenção a esses estilos musicais. Nos últimos anos têm nascido bastantes!Talvez o nosso tenha tido alguma visibilidade e, por isso, as pessoas começaram a ter em atenção o estilo de música que nos influencia. A verdade é que a nossa música é, efetivamente, influenciada por esses ritmos, sobretudo por artistas do século passado. Não queremos nem nunca quisemos fugir dessas influências.
P.P. - “It’s Been a Long Night”, o vosso mais recente álbum de originais, tem sido apresentado um pouco por todo o país. Como tem sido as reação dos vossos fãs ao vosso terceiro registo de estúdio?
A.R. – A reação tem sido bastante boa. Temos sentido que as pessoas adoram tanto o disco como os espetáculos. Tivemos oportunidade de tocar em Braga, no Salão Medieval, para uma sala cheia, e é sempre bastante agradável ver que as pessoas se identificam e gostam daquilo que nós fazemos.
P.P. - Na vossa opinião, quais os pontos fortes do álbum, que o tornaram tão bem sucedido no mercado nacional?
A.R. – Neste disco houve uma clara preocupação em despreocuparmo-nos - algo que fomos aprendendo a fazer ao longo do processo de criação dos álbuns anteriores e, também, com as apresentações ao vivo nos últimos quatro anos. Penso, aliás, que este disco revela um pouco de tudo aquilo que aprendemos ao longo deste tempo. Estivemos muito preocupados em ter boas canções, mas, a partir do momento em que as escrevemos, acabámos por relaxar, sendo que a forma como fizemos os arranjos e gravámos o álbum foi bastante despretensiosa. Simplesmente tentámos fazer da melhor maneira possível aquilo que queríamos fazer e isso acaba por passar cá para fora. Trata-se de um disco bastante emotivo e sentido à flor da pele.
P.P. – O feedback que têm obtido ea experiência na estrada faz-vos empenharem-se mais a cada dia que passa?
A.R. – Sim, sem dúvida. Vamos tornando-nos mais perfecionistas, além de que começas a detetar os erros que praticas com mais facilidade, conseguindo corrigi-los mais rapidamente. Vais elevando cada vez mais a fasquia, vais querendo fazer sempre melhor.
P.P. – Durante este ano, levaram o novo álbum a vários países da europa. Pode, inclusive, dizer-se que a internacionalização é uma aposta ganha para os Sean Riley & The Slowriders. Sentem uma boa aceitação lá fora?
A.R. – Estivemos, recentemente, na Alemanha, em Hamburgo, no Reeperbahn Festival e fomos a primeira banda a atuar lá. Foi muito bom. Trata-se de um grande festival, que ainda não é muito conhecido em Portugal, mas acredito que, nos próximos tempos, vá alcançar a visibilidade de um Eurosonic, por exemplo. Quanto à internacionalização, não estamos obcecados por isso, mas é, de facto, uma coisa que nos dá imenso prazer. É com imensa satisfação que vamos fazer uma tournée em Janeiro do próximo ano, que vai passar novamente pela Alemanha e pela Holanda, mas com mais datas agendadas, desta vez. Também vamos passar pela Dinamarca e pela Áustria. Estamos, portanto, com ótimas perspetivas de continuar esta nossa campanha por outros países - é algo que nos interessa bastante.
P.P. - Lançaram "Farewell" em 2007, "Only Time Will Tell" em 2009 e "It’s Been a Long Night" em 2011. Podemos esperar uma nova aventura discográfica para 2013 ou vão quebrar a tendência?
A.R. – (risos) Podemos aventurar-nos antes ou podemos aventurar-nos depois. Sinceramente, neste momento, ainda não sei o que vai acontecer. Há algumas ideias sobre o que fazer no próximo disco, até porque estou sempre a escrever e as canções acabam por aparecer,mas não há, neste momento,qualquer calendarização ou planificaçãopara entrar em estúdio. Este disco ainda é bastante recente e estamos totalmente empenhados em tocá-lo.
P.P. - Vão, pela primeira vez, atuar no Sintra Misty. O que distingue, na vossa opinião, este festival dos outros por onde já passaram?
A.R. – Creio que é um festival semelhante ao Festival para Gente Sentada, orientado para uma certa estética, mais virado para o songwriter, para um estilo «à americana». Sei que a edição deste ano conta com a participação de Stuart A. Staples e Howe Gelb, para quem vamos fazer a primeira parte. Ambos são músicos de quem gosto, músicos que respeito bastante. Estamos, portanto, profundamente entusiasmados e ultra contentes por podermos tocar no mesmo evento do que eles. Uma vez que vamos tocar dentro de um auditório, vamos optar por um alinhamento diferente daquele que experimentámos, por exemplo, no SBSR ou no Avante. Normalmente, nos auditórios, acabamos por escolher parte do reportório acústico , criando assim uma maior intimidade e momentos mais calmos e de maior reflexão como público.
P.P. – Alguma surpresa na manga? Quem sabe, um dueto com Howe Gelb...
A.R. – Não sei... (risos). Não conheço o Howe Gelb, mas, se surgir alguma oportunidade para isso, seremos os primeiros a apostar nesse sentido e a manifestar-nos de forma entusiasta. Quanto a surpresas no alinhamento, haverá algumas. Talvez adoptemos uma postura semelhante à adoptada em Braga, onde escolhemos um alinhamento totalmente diferente daquele que temos tocado nos últimos concertos, com canções que não tocávamos há alguns anos e com canções deste último disco que ainda não tínhamos experimentado ao vivo. Vamos, definitivamente, pegar em duas ou três canções menos rodadas, sejam elas mais recentes ou mais antigas. O facto de termos três discos e de termos feito tantos espetáculos implica que muitas pessoas já conheçam os nossos concertos. É, portanto, essencial variar, continuar a surpreender - algo muito importante e estimulante para nós, na medida em que temos que nos esforçar para procurar canções que naquele momento façam sentido.
Ana Cláudia Silva
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