«Ali estás tu muito bem a tocar com uns tipos, quando te sai um 'Oh yeah!' Essa sensação vale tudo», recorda o guitarrista Keith Richards.
Esta descrição do guitarrista está registada na biografia que editou no ano passado, intitulada «Life», e refere-se à estreia ao vivo dos Rolling Stones, no Marquee Club, em Londres.
Nessa noite, Mick Jagger (voz), Keith Richards (guitarra), Brian Jones (guitarra), Mick Avory (bateria) e Dick Taylor (baixo) - a primeira formação, todos entre os 18 e os 23 anos - tocaram cinco músicas, que deram o tiro de partida de uma das mais duradouras bandas do rock.
«Por um instante sentes que deixaste o planeta, que ninguém te pode tocar. Estás noutra esfera, com gajos que partilham exatamente o mesmo objetivo. Quando isso acontece, meu amigo, ganhas asas», recordou Keith Richards.
O grupo, que se batizou com o nome de uma música de Muddy Waters ("Rollin'Stone"), que queria ser o oposto dos Beatles, desejava ser «a melhor banda de rythm & blues de Londres e conseguir concertos regulares», prepara-se agora para celebrar as bodas de ouro.
Os dias de excessos, sexo, drogas e invenção de emblemáticos «riffs» do rock, já não serão os mesmos. A banda também não é a mesma dos primeiros dias, mas os músicos estão dispostos a juntar-se para mais um disco ou uma digressão.
De acordo com o jornal Daily Mail, na quinta-feira, dia oficial da celebração daquela estreia, Mick Jagger, Keith Richards, Charlie Watts (que entrou para a banda em 1963) e Ronnie Wood (que entrou em 1975) juntar-se-ão em Londres para a inauguração de uma exposição de fotografia sobre os 50 anos da banda na Somerset House.
A imprensa inglesa tem dado notícias sobre qualquer movimentação da banda, nem que seja apenas na base das possibilidades, tal é o estatuto do grupo, realeza na música britânica.
Em junho, Keith Richards disse ao jornal The Guardian que a banda poderá trabalhar com o músico Jack White, ex-White Stripes, que produziu para Loretta Lynn e Wanda Jackson, mas está tudo na base das intenções.
À revista Rolling Stone, Mick Jagger admitiu o espanto pela longevidade dos Rolling Stones.
«É um grupo muito diferente daquele que tocou há 50 anos. Quando penso sobre isso, uma parte de mim diz 'Estamos a fazer batota', porque não é a mesma banda; tem o mesmo nome, mas só o Keith e eu é que somos os mesmos. (...) É um feito espetacular. É fantástico e estou muito orgulhoso disso», disse o vocalista, hoje com 68 anos.
Sendo difícil resumir 50 anos em poucas linhas, os Rolling Stones são um documento vivo da história do rock. Editaram mais de uma vintena de álbuns, 200 milhões de discos vendidos e uma legião de fãs gigante em todo o mundo.
A última digressão do grupo, «A bigger band», que passou por Portugal, incluiu 147 concertos em 118 cidades.
@SAPO com Lusa
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