Por entre o público, eram visíveis faixas de agradecimento e pequenos tributos individuais para com o cantor que as soube decifrar e deu o seu devido valor.

O palco destaca-se como demasiadamente pequeno para tantos instrumentos mas a banda lá se consegue orientar, agradecendo a presença de todos e elogiando a cidade do Porto e os seus teatros que são de uma beleza arquitectónica única.

Uma combinação de música e luzes em perfeita sincronia, marcou os momentos iniciais do evento, bem ao jeito de uma banda habituada a tocar em palcos mundiais e a surpreender mesmo os mais cépticos.

Mais do que simplesmente tocar as músicas, o concerto foi marcado por uma forte componente de interacção com o público, o que aliás, devia ser um exemplo para qualquer artista seguir. Desde muito cedo Patrick Watson deixou bem explícito que os fãs podiam participar, havia comunicação e o cantor tinha sempre curiosidade em saber o que o público dizia fazendo sempre questão de responder.

Preocupada em presentear o público nortenho, a banda tocou algumas músicas do seu mais recente trabalho, que ainda não foi gravado e editado, pedindo com gentileza para ninguém gravar. “O risco de estas músicas poderem acabar na Internet é elevado e são versões que ainda podem ser alteradas” dizia Patrick Watson.

O público gratificava todo este carinho dizendo simplesmente obrigado, sendo que Patrick Watson, com a sua eterna humildade, apenas dizia que ele próprio é que tinha que agradecer.

Nunca deixando partir a ligação já estabelecida, Patrick Watson e a sua banda juntaram-se na beira do palco para momentos acústicos verdadeiramente memoráveis, sempre convidando a plateia a soltar a voz, onde tal acabou por acontecer diversas vezes. Músicas mais conhecidas, outras menos conhecidas, o facto é que se ouvia sempre alguém a pronunciar umas notas enquanto outros apenas olhavam radiantes para o que estava a acontecer.

Calorosos aplausos davam bem conta do grau de satisfação que Patrick Watson conseguiu conquistar, deixando por certo uma memória que muitos irão recordar, enquanto esperam um novo regresso do cantor e da banda a território nacional.

Na primeira parte do espectáculo, esteve o português Tiago Bettencourt que soou como algo escolhido a dedo para aquela noite. O cantor tinha chegado no mesmo dia de terras longínquas do outro lado do Oceano Atlântico mas deu, aos primeiros 45 minutos, um toque elevado de sentimentalismo. Por entre improvisos e algumas brincadeiras, Tiago Bettencourt não se poupava em participar activamente, nunca deixando ninguém adormentar e onde tocou diversos poemas de enormes autores portugueses.

Fotografias: Filipa Oliveira
Texto: José Aguiar