A Mimicat é "uma Marisa um bocadinho mais vaidosa, um bocadinho mais atrevida. É aquilo que a Marisa não pode ser no dia-a-dia, quando vai na rua". O pseudónimo soou-lhe bem no primeiro instante. Afinal, já há muitos anos que era chamada de Mimi pela família: "Na minha família, as crianças chamam Mimi às madrinhas - e eu já tenho uma afilhada com 11 anos". Bastou juntar Cat à alcunha, para dar um toque mais pessoal à coisa, et voilà.
A inspiração para escrever as canções, para escolher a sua sonoridade, provém de músicos como Ella Fitzgerald, Jill Scott ou Ray Charles. Enfim, de todas as canções que vão “desde os anos 30/40 até aos anos 70". "Tudo o que foi feito nessa altura são coisas que me interessam muito e que eu, a partir dos 17/18 anos, comecei a ouvir compulsivamente, e que ainda ouço até hoje”, refere. Assumido o gosto musical por figuras-chave de épocas passadas, Marisa e o produtor Sérgio Costa tentaram modernizar "um bocadinho as influências que daí vêm, com coisas que se fazem agora". Um exemplo? As baterias em melodias e arranjos que, teoricamente, estão associados ao passado.
As letras das canções de "For You" resultam de experiências da cantora ou de outras pessoas que lhe são próximas. Em alguns temas, "escrevo mesmo para pessoas da minha vida; outros resultam de experiências que passei através de amigos", confessa-nos. "Felizmente, tenho uma vida muito feliz, no âmbito pessoal, e não consigo ter situações de desgosto, ou coisas do género, muito grandes, então senti necessidade de escrever por essas pessoas. Na verdade, pus-me na pele delas", explica.
Mimicat aposta forte na imagem, no realce da beleza feminina. "Acho que, quando tens uma música muito boa, sem teres uma imagem igualmente boa, a música não chega às pessoas da mesma forma, o impacto criado não é o mesmo", diz-nos Marisa, que especifica: "Aquilo que eu gosto de ver nas roupas femininas, nas coleções ou mesmo nos estilistas internacionais, são coisas inspirada nessa época [entre os anos 50 e 70]. Nessa altura, havia sempre uma preocupação muito grande em manter as linhas muito elegantes, muito femininas". Mas coerência é a palavra de ordem: "Tenho que ser coerente com aquilo que sou e com aquilo que estou a mostrar".
Começou desde cedo no mundo da música, mas foi com os The Casino Royal que descobriu o que queria ser como artista e, principalmente, o que não queria ser. A banda serviu para “descobrir quem é que eu era enquanto artista de palco, porque, quando tu és muito novo, não tens propriamente uma identidade, não sabes bem o que é que és, andas um bocado com a corrente”, afirma Marisa. A nível musical, Mimicat afasta-se, no entanto, da estética sonora do coletivo. Embora se identifique com as canções cabaret da banda, não trouxe essas influências para "For You".
O feedback do público, esse, tem sido muito positivo, começando Marisa a receber, agora, os frutos desejados do investimento no som e imagem que ambicionava. Relembra a reação de uma admiradora que assistiu, na Casa da Música, ao concerto dos The Black Mamba, no qual Mimicat participou como convidada: "Houve uma pessoa que foi ver o concerto e depois acabou por ir ter comigo, a dizer que já tinha ouvido o meu disco. A pessoa estava com uma lágrima no olho de tão feliz que estava. E a alegria que tinha nos olhos foi exatamente a alegria que eu sempre esperei ver nos olhos das outras pessoas, porque é a alegria que eu e os músicos que estão envolvidos no projeto sentimos, sabes?".
O novo álbum será apresentado um pouco por todo o país, estando já agendados concertos em Cascais (15 de novembro, na FNAC do Cascais Shopping), em Lisboa (18 de novembro, no Teatro do Bairro), em Coimbra (26 de novembro, no Salão Brazil), em Matosinhos (27 de novembro, na FNAC do Norte Shopping) e no Porto (27 de novembro, no Passos Manuel). "Estamos a preparar um concerto o mais enérgico e delicado possível", adianta Mimicat. Mantém segredo, porém, quando questionada sobre eventuais surpresas ou mimos, como prefere chamar, em palco. É esperar para ver!
David Pimenta
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