O espetáculo, que acontece no Centro Cultural de Belém, terá cenografia do Ponto Atelier e conta com uma performance do professor da prática física Movement Tiago Martins, de acordo com o agenciamento dos músicos, num comunicado hoje divulgado.
“Trilogia das Sombras”, editado em abril do ano passado, é o resultado de uma ‘semente’ plantada em 2019, num concerto que os dois guitarristas, e irmãos, enquanto Mano a Mano, fizeram no Teatro Municipal Baltazar Dias, no Funchal.
“Desafiámos uns arquitetos amigos nossos para fazerem a cenografia, os Ponto Atelier, que, inspirados pelo [livro] ‘Grande Herbário de Sombras’", de Lourdes Castro, “usaram como pano de fundo uma série de plantas por detrás da tela”, recordou André, numa entrevista de ambos à agência Lusa, em abril.
Foi nessa altura que os dois começaram a “conhecer um bocadinho melhor a obra” da artista, sua conterrânea da Ilha da Madeira, e ficaram “com vontade de ir mais a fundo", de “trabalhar através da obra da Lourdes”, e deixarem-se “inspirar”.
Quando Lourdes Castro morreu, em janeiro de 2022, aos 91 anos, decidiram que era altura de avançarem com a ideia. “Até porque já íamos tarde”, disse.
Os dez temas que compõem “Trilogia das Sombras” foram inspirados na obra, “mas também na vida" de Lourdes Castro, daquilo que os dois foram “conhecendo através de outras pessoas”, referiu Bruno.
O documentário “Pelas sombras”, de Catarina Mourão, do qual foi retirado um excerto, em que se ouve a voz de Lourdes Castro, usado no tema “Murmúrios do mar embalam os calhaus”, e José Tolentino de Mendonça, que conheceu a artista e “tem muita coisa escrita sobre ela”, foram cruciais.
A dada altura perceberam que editar “Trilogia das Sombras” como um “disco convencional” seria redutor, como afirmam.
“Fomos falando nesta possibilidade do livro de artista, que era uma coisa que a Lourdes fazia, em que bordava coisas, colava coisas, pintava coisas. Começámos a pensar nisso como hipótese e foi quando desafiámos a Carla Cabral, uma artista plástica madeirense que adora a obra da Lourdes Castro, a conceber este pequeno livro”, contou Bruno.
Nessa fase, volta a entrar o cardeal José Tolentino de Mendonça, nomeado em 2022, pelo Papa Francisco, prefeito do Dicastério para a Cultura e a Educação, que, tal como André e Bruno Santos e Lourdes Castro, também é originário da Ilha da Madeira.
Em “Trilogia das Sombras”, Tolentino de Mendonça participa “emprestando algumas palavras que já tinha escrito sobre a Lourdes e escrevendo também um texto que faz parte do livro-disco”.
“Enviei-lhe uma canção, dizendo que imaginava a voz dele, não sabia a fazer o quê, num determinado momento da canção. E ele retribuiu, com o poema, ‘Lourdes Castro, Rua da Olaria’, que recita, e sugeriu até o nome do tema, ‘Uma espécie de pacto’”, contou André.
O álbum é uma edição de autor que conta com o apoio da Câmara Municipal do Funchal e do Fundo Cultural da Sociedade Portuguesa de Autores.
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