A Brass Wires Orchestra foio projetoeleito para inaugurar o palco de Paredes de Coura - na realidade, o palco secundário do festival a partir do dia 15. O grupo indiefolk, vencedor do concurso Hard Rock Rising, apresentou umasonoridade influenciada por bandas como Beirut ou Mumford and Sons e muito marcada pela introdução de instrumentos de sopro -dois trompetes e um saxofone -em praticamente todas as músicas.

Além de canções como Time e The Life I Chose, os Brass Wires Orchestra tocaram ainda versões de duas bandas que os marcaram -os The Typhoons e os Mumford And Sons. A despedida foi feitacom uma canção original -"uma música para espalhar amor”, como descreveu um dos elementos da banda -Love Someone.

Seguiram-se osSalto, dupla portuense que se apresentou em Paredes de Coura com mais um baterista e com o ainda recente álbum homónimo na bagagem. Guilherme Tomé Ribeiro e Luís Montenegroinauguraram a performancecom canções rock com um forte lado eletrónico, destinadas a fazer o público levantar os pés do chão. Saber Ser e O Teu Par destacaram-se num alinhamento que pareceu convencer todos os presentes.

Apesar do final de tarde solarengo,as condições meteorológicasforam piorando ao longo da noite. A pouca tolerância de S. Pedro chegou a sufocar alguns dos temas dos Salto, que acabaram por entrar no ritmo do «hino» não oficial do festival.

Nos últimos minutos do concerto, os dois músicos abandonam os instumentos e dedicam-se exclusivamente às sonoridades eletrónicas, aproximando-se do dubstep à la James Blake em Nem Sei. Deixar cair foi guardado para a despedida de um público, molhado mas resistente.

Os terceiros a subiremao palco foram os League, que apresentaram aos festivaleiros o seu rock eletrónico profundamente marcado por psicadelismo. Consigo trouxeram os dois EPs - "Golden Maps" e "How Do I Know" - e, se por vezes recordam os Klaxons, são também capazes de trazer uma jovialidade única.

No público, não são só as pessoas que dançam. Um cão amarelo, de plástico, também acompanha o ritmo, tal como um Spongebob insuflável, que sobe e desce, manuseado pelo seu dono.O Homem-Aranha eo Homer Simpson tambémnão deixaram de marcar presença na festa dos campistas.

À semelhança do que aconteceu com a banda anterior, é o single homónimo, How Do I Know,também em alta rotação nas rádios portuguesas, o tema que mais reação obtém da audiência, apanhada de surpresa com esta banda - uma surpresa no panorama musical português.

B Fachada ou Tio B, como as irmãs Maria e Júlia, das Pega Monstro, batizaram o produtor do seu disco, subiu ao palco já perto da uma da manhã, perante um público persistente, que não arredou pé perante a chuva, que não abrandava. Num estreia muito molhada em Paredes de Coura, Fachada dedicou-se, especialmente, ao seu recente "Criôlo" que, depois do muito intimista disco homónimo, surpreende com a utilização de sons muito pouco usuais no repertório do músico que, durante anos, se fez acompanhar apenas de instrumentos acústicos.

Em horna do espírito festivaleiro, arrancou com Quem quer fumar com B Fachada, logo seguida por 98 e Afro-xula. Os temas parecem repescados de um qualquer bailarico de aldeia, no entanto, as letras satíricas, cáusticas até, persistem. Afinal, ainda se trata de B Fachada.

Para o final do concerto, Fachada guardou o enterro fictício do país, que é como quem diz,Deus, Pátria e Famíli” ou, se preferirmos, o Grito de Ipiranga do cantor, que não obteve a reacção esperada do público. Ainda assim, retornou para um encore, feito ao som de Não Pratico Habilidades, do disco anterior.

E assim se deu o final do jogo,um jogoa feijões, pois odia de hojejá conta para o campeonato. Seguiu-se a análise da partida por Joaquim Albergaria, vocalista dos The Vicious Five e baterista dos Paus, aqui em modo DJ set.

Hoje o festival continua com atuações de tUnE-yArDs, Japandroids, Stephen Malkmus e dos portugueses Paus.

Texto: Henrique Mourão

Fotografias: brevemente