Em entrevista à Lusa, Nuno Mascarenhas fez “um balanço positivo” da 24.ª edição do FMM, reconhecendo que na quarta e quinta-feira, o festival tenha registado uma afluência “ligeiramente inferior” ao ano passado, a que não terá sido alheia a subida no preço das entradas para os concertos pagos que decorrem no Castelo de Sines.

Por contraponto, sublinhou o autarca, o número de bilhetes vendidos para sexta-feira e para hoje foi superior ao de 2023 e as entradas até “esgotaram mais cedo do que é habitual”.

Sublinhando a importância do festival para a economia local, Nuno Mascarenhas justificou a subida no preço dos bilhetes com o aumento do custo dos serviços que a autarquia tem que contratar para realizar o festival.

“A inflação tem tido aqui um papel preponderante no aumento de todos os serviços, dos bens elementares e, para nós, obviamente que isso tem que se repercutir naquilo que são as receitas do festival”, reconheceu.

“Tivemos um aumento significativo de custos com este festival, o que, obviamente, tem consequências a nível das despesas, mas também não nos podemos esquecer que este é um festival que tem cerca de 70% dos concertos grátis”, lembrou, referindo-se aos concertos que decorrem no Pátio das Artes e no palco junto à praia.

O “aumento ligeiro” foi a opção “para que o festival continue a ser sustentável”, frisou, reconhecendo que os visitantes têm de despender custos elevados com alojamento e alimentação.

“É algo que não controlamos, mas naturalmente compreendemos e no próximo ano não iremos aumentar os custos com os bilhetes”, garantiu.

Questionado também sobre as críticas feitas ao parque de campismo, que voltou a mudar de localização, mais afastada, o autarca recordou que se trata de “um festival que se realiza dentro de uma cidade e, como tal, tem as limitações que o espaço público naturalmente tem”.

“Tivemos que encontrar soluções alternativas para acolher os festivaleiros e o parque que criámos junto ao pavilhão multiusos tem uma dimensão suficiente, permite ter autocaravanas, ter carros, ter tendas”, assinalou, acrescentando que foi disponibilizado transporte. Mas, vincou, há sempre algo “a melhorar”.

Questionado sobre a manifestação ambientalista que hoje se realizou junto à praia de Sines, Nuno Mascarenhas disse que compreende as preocupações dos manifestantes em relação à preservação do litoral alentejano, mas sublinhou não partilhar da decisão de as manifestarem em paralelo com o FMM e aludiu mesmo à hipótese de essas organizações se moverem “por interesses que por vezes desconhecemos”.

“É um evento que recebe pessoas de várias partes do mundo, que é um festival de causas”, concedeu.

“Mas não temos, sinceramente, preocupações relativamente à preservação do litoral, porque continuamos a ser uma das zonas mais bem preservadas do Sul da Europa”, defendeu, referindo a transformação resultante do encerramento da central termoelétrica e novos investimentos na área das energias renováveis.

O FMM assinala 25 anos para o ano e a autarquia promete uma “edição especial”, avançando que o festival vai ganhar um dia extra (começará a uma sexta-feira) em Porto Covo (onde começa, antes de se mudar para Sines).

“Estamos a pensar em várias soluções, várias propostas. Obviamente, não queria ainda desvendar, mas será um momento marcante, uma vez que estamos a falar de um festival que ao longo destas 24 edições tem trazido milhares de artistas de várias partes do mundo a esta região”, constatou.

Os 25 anos do FMM coincidirão com o último ano do mandato autárquico de Nuno Mascarenhas (eleito pelo PS), que não poderá recandidatar-se.

Recordando que o FMM foi criado por um anterior executivo (PCP), o autarca não afastou “preocupações”, mas acredita que “quem vier continuará este trabalho, que é um trabalho importante para Sines e para a região”.

“É importante manter a sustentabilidade do festival, isso tem que ser conseguido através do aumento das receitas e diminuição das despesas”, recomendou.