Produzido pelo Trigo Limpo Teatro ACERT, de Tondela, a partir do conto homónimo de José Saramago, o espetáculo envolveu as comunidades dos 14 concelhos.
Entre maio e setembro, foram contabilizados “70 dias e 630 horas de formação, 8.722 horas de trabalho, 712 participantes locais, mais de 16400 espetadores” e 15212 quilómetros percorridos.
O livro e o CD/livro a lançar no domingo “marcam, de uma forma significativa, o que foi o viver deste sonho”, realçou à agência Lusa José Rui Martins, da ACERT.
No livro, é feito “um relato que cruza 14 localidades com a digressão do espetáculo”. O elefante Salomão foi levado pela região por uma equipa de 20 pessoas, à qual se juntaram mais de 700 participantes locais.
No CD/livro, é celebrada a música de cena do espetáculo, com 14 canções criadas pelo cantautor espanhol Luís Pastor e pelos músicos de “A cor da língua ACERT”, mais uma 15.ª faixa surpresa.
O CD é, segundo José Rui Martins, “o espetáculo feito música”, uma resposta a “muitos espectadores que, no final de cada espetáculo, perguntavam por ele”. “Vai possibilitar que as pessoas que viram o espetáculo tenham por companhia a música que ouviram e aqueles que não viram o espetáculo tenham por companhia mais uma alternativa da música portuguesa, criada nestas situações um pouco singulares”, acrescentou.
José Rui Martins explicou que o CD está “embrulhado num livro de memórias, que tem paixões e emoções, porque cada música está contextualizada, quer graficamente, quer pela deixa teatral”.
Nas páginas de abertura do livro que relata a digressão, José Morgado refere que o Conselho Intermunicipal da Comunidade Intermunicipal (CIM) Viseu Dão Lafões, a que preside, “em boa hora” decidiu apoiar a realização do espetáculo, por perceber a importância da cultura no desenvolvimento deste território.
“Não menos importante foi a decisão de proceder à produção e edição de um álbum gráfico do espetáculo, no qual se relata esta experiência de criação artística pelas gentes dos municípios de Viseu Dão Lafões, guardando, para memória futura, uma viagem de promoção e reforço de uma identidade cultural regional”, acrescenta.
A presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro, Ana Abrunhosa, considera que, “tal como Saramago soube captar profundamente o profundo de Portugal e do seu território interior, também o espetáculo ‘A Viagem do Elefante’ teve essa ambição”.
“E se território e cultura são faces da mesma moeda, assumindo a cultura uma importância crescente no desenvolvimento dos territórios, o facto de o espetáculo ter percorrido os 14 concelhos da Comunidade Intermunicipal é algo que merece ser assinalado”, acrescenta nas primeiras páginas do livro.
Já a presidente da Fundação José Saramago, Pilar del Rio, destaca que “Salomão não é apenas um bicho, é uma ponte que aproximou seres humanos e conseguiu revelar sonhos que os homens e as mulheres daquele tempo nem sequer sabiam que tinham”.
“Anos mais tarde, o Trigo Limpo Teatro ACERT retomou o testemunho que alguns pensavam irremediavelmente perdido e demonstrou, de forma luminosa, que se pode conviver com a literatura na rua e representar uma obra que é também a história das pessoas mais próximas”, sublinha.
@Lusa
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