“A ideia era dar um retrato lisboeta, dos seus bairros, tradições, ambientes e pessoas, através do fado e, para isso, recolhi diferentes gravações, das décadas de 1950 e 1960, algumas delas inéditas em CD até agora”, disse à Lusa o editor, que salientou “o trabalho habilidoso e preciso de remasterização” de João Lopes.
Do álbum fazem parte, entre outros, César Morgado, Vitalina Félix, José Moreira, Lina Maria Alves, Isabel Oliveira, Fernanda Maria, Maria da Fé, Argentina Santos e Adelina Ferreira.
“A ideia foi também recuperar algumas vozes que hoje estão mais ou menos esquecidas, mas que tiveram o seu valor, e fazem parte do devir fadista”, disse Samuel Lopes.
Carlos Ramos abre e fecha o disco, respetivamente com os temas “Sempre que Lisboa canta” e “Lisboa é sempre Lisboa”.
Do alinhamento fazem parte Amália Rodrigues, que canta “Madrugada de Alfama”, Hermínia Silva, que interpreta “Nossa Senhora da Saúde”, patrona de uma das procissões mais antigas da cidade, Celeste Rodrigues que gravou “O fado mora em Lisboa”, uma criação de Lídia Ribeiro, e Tristão da Silva, que canta “Outono em Lisboa”.
Entre outros temas, o disco, editado pela Sevem Muses, regista “Bairros de Lisboa”, um fado interpretado por Alfredo Marceneiro e Fernanda Maria e uma “Desgarrada” em que participam Maria da Fé, Lina Maria Alves, Alberto Costa, Mariana Silva, Celeste Rodrigues e Argentina Santos.
“Esta desgarrada foi gravada n’A Parreirinha d’Alfama, a casa de fados de Argentina Santos, e é um exemplo de um convívio lisboeta”, explicou Samuel Lopes.
Maria Teresa de Noronha, Berta Cardoso, Natércia da Conceição e Maria José da Guia são outras vozes que fazem parte desta coletânea, que totaliza 20 temas num “’Passeio Fadista’, para pegar num dos temas escolhidos, que é interpretado pela grande Argentina Santos, voz que é um 'ex-libris' alfacinha”, disse.
O editor adiantou à Lusa que “estão previstos outros projetos na área de recuperação do património discográfico fadistas, que não pode ser deixado ao abandono ou esquecido”, tendo salientado “ser urgente um olhar mais atento para o material que foi gravado, pois nada começou agora”.
@Lusa
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