O objetivo é marcar o início do ano com o pulsar hesitante das valsas e os ritmos frenéticos das polcas, através do inesgotável filão das melodias com que a família Strauss encantou os salões de toda a Europa ao longo do século XIX.

Na sua maioria, são peças escritas na década de 1860, coincidindo com o período em que a orquestra da família Strauss mais prosperou nos bailes promovidos pelas associações cívicas, universidades e aristocracia vienenses.

Títulos como «Acelerações», «Expresso», «Voando» ou «Só se vive uma vez» denunciam bem a vocação para ilustrar dinâmicas próprias da azáfama das cidades, que tomava naquela altura o lugar do bucólico. Strauss colocava-se assim ao serviço dos valores da sociedade cosmopolita, tais como a velocidade e o progresso.

Outros destinavam‑se a fins de beneficência, ao mesmo tempo que conquistavam favores da aristocracia. É o caso da valsa Bombons de Viena, originalmente destinada à angariação de fundos para a construção de hospitais e dedicada à mulher do embaixador da Áustria em Paris. Já a valsa «O Danúbio Azul» dispensa apresentações, sendo umas das obras orquestrais mais conhecidas de todos os tempos.

A polca «Viva a Hungria» foi estreada em Peste em 1869, por ocasião de uma das muitas digressões que Strauss fez àquele país.

Só a valsa «Rosas do Sul», que dá início a este concerto, contrasta com estes propósitos mais imediatos; resulta da compilação de vários temas melódicos retirados da opereta «O Lenço de Renda da Rainha», de 1880.