Palco Principal - A música acompanha-te desde criança, ainda andavas na escola. Foi um «amor à primeira vista»?
Bushman - Em criança, o meu nickname era Arch Angel (arcanjo). Acho mesmo que fui abençoado com um talento nato para cantar e produzir música. A música sempre foi uma paixão para mim.
PP - Em 1997, começaste, oficialmente, a tua carreira. Hoje, 15 anos depois, és um nome incontornável da música reggae. Foi uma conquista difícil este estatuto?
B - A jornada para os palcos internacionais enquanto artista de reggae foi uma luta. Ainda hoje o é. Mas vou conseguindo lidar com tudo, mantendo-me sempre verdadeiro, fiel àquilo que sou, e sempre ligado à minha cultura.
PP - Após 15 anos dedicados à música, continua a ser fácil, para ti, encontrar inspiração para os novos trabalhos?
B - Os Rastafari, os meus fãs e o meu trabalho, a minha vontade em transmitir uma mensagem às pessoas, são a minha inspiração.
PP - No ano passado editaste um álbum de tributo a Peter Tosh - "Bushman Sing the Bush Doctor". É inegável a sua influência na tua carreira?
B - Sem dúvida, o Peter Tosh sempre foi uma influência na minha vida, no meu desenvolvimento. Por exemplo, em 2001 ou 2002 cantei uma música chamada Light House, e muitas pessoas perderam o seu dinheiro ao apostarem que tinha sido o Peter Tosh a cantá-la. E um dia, Glen Browe, um grande músico jamaicano que trabalhou com Peter Tosh, entrou em contacto comigo e pediu-me para cantar a música Buk-Ing-Ham Palace, que ele estava a reproduzir com todos os músicos e cantores originais. Depois disso, decidi que gostaria de fazer um álbum intitulado "Bushman Sings The Bush Doctor" - e o Glen achou uma boa ideia. Ninguém presta muita atenção ao grande Peter Tosh, mas ele também deu um grande contributo para a música reggae.
PP - Como cantor reggae, valorizas e usufruis do poder interventivo da música?
B - Alegra-me saber que, através da minha voz, posso alertar as pessoas acerca dos seus direitos, ensiná-las sobre a sua história, ensiná-las como podem fazer a diferença na sua própria vida, no seio da sua família e comunidade. E é bom mostrar à Babilónia que não pode enganar toda a gente.
PP - Estreias-te em Portugal este mês, no âmbito do festival Reggae Blast. Que expetativas tens em relação ao nosso país e ao seu público?
B - Estou ansioso por conhecer e atuar em Portugal. Espero fazer novos fãs e presentear as pessoas com uma boa performance.Podemcontar com uma experiência enriquecedora, onde vão poder dançar, cantar... Vão, com certeza, passar um bom momento. Vai ser um concerto muito, muito quente. Esperotambém queesta seja a primeira de muitas performances no vosso país.
Ana Oliveira
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