Discreto, bem-disposto e incrivelmente talentoso, Andy Timmons está como peixe na água em vários mundos. Do rock ao jazz, da pop ao country ou à música clássica, são muitos os projectos e os artistas de renome com quem tem trabalhado. Mais conhecido do grande público como o guitarrista original dos hard rockers Danger Danger, Andy Timmons chega a Portugal com uma longa discografia a solo e a apresentação, em primeira mão, de alguns dos novos temas a incluir no próximo álbum, uma interpretação muito própria de clássicos dos Beatles.
O Palco Principal falou com o músico ainda a partir de casa, no Texas, antes da viagem para a Europa:
Palco Principal: Está prestes a começar uma digressão bastante intensa pela Europa com a Andy Timmons Band. Os fãs portugueses ficaram muito contentes quando descobriram que Portugal vai acolher duas clínicas/ concertos, um no Porto e outro em Lisboa. Está tão entusiasmado como nós?
Andy Timmons: Absolutamente! Nem consigo acreditar como é que demorámos tanto a ir a Portugal e mal posso esperar para tocar aí e experienciar a vossa cultura fantástica!
P.P.: É fácil conciliar as clínicas com um espectáculo ao vivo?
A.T.: Para mim, é sempre muito divertido poder fazer um espectáculo e conversar com o público ao mesmo tempo...
P.P.: É dado adquirido que vamos poder ouvir material de álbuns como “Resolution” ou “Ear X-tasy”. E quanto ao futuro “Andy Timmons band plays Sgt. Pepper?”
A.T.: Sim, também vamos tocar material do “Sgt. Pepper”. Estou ansioso para que ouçam os novos temas!
P.P.: Como grande fã de Beatles que é, deve ter sido bastante divertido pegar no álbum original da banda e reinterpretá-lo de uma forma tão pessoal. Mas não foi, também, uma responsabilidade enorme? O que é que o levou a fazer uma pausa na composição de material original e dedicar tempo a este projecto?
A.T.: Há algum tempo que tocávamos um arranjo do tema Strawberry Fields Forever ao vivo e foi sempre muito bem recebido. De facto, foi um promotor meu amigo que sugeriu fazermos uma noite inteira dedicada aos Beatles. Fiquei a pensar “hmmmm, como é que posso fazer isto?”. Acabei por andar dois anos às voltas dos temas, a brincar e a experimentar e a pensar como é que conseguiria interpretar o material apenas como uma faixa de guitarra, sem overdubs! Foi um verdadeiro desafio, mas estou muito satisfeito com o resultado.
P.P.: Já têm alguma ideia de quando é que o novo álbum estará disponível?
A.T.: Parece que será em Julho.
P.P.: Enquanto fã de guitarra, acho que o que o distingue da maior parte dos guitarristas é um sentido muito próprio de melodia e uma certa descrição que lhe permite fundir o som de guitarra perfeitamente na melodia, em vez de se sobrepor aos outros instrumentos. Concorda com esta ideia?
A.T.: Bem, para mim a música vem, certamente, em primeiro lugar. Sempre. Não devia ser sobre “vejam o que é que eu consigo fazer com a guitarra”, devia ser uma afirmação musical. Às vezes, a utilização de uma excelente técnica de guitarra é relevante, outras vezes está sobrevalorizada. Eu tento encontrar o melhor equilíbrio possível para comunicar o que quer que seja que estou a tentar atingir com cada tema, em particular.
P.P.: Falando de outros projectos, muitos fãs portugueses conheceram o seu trabalho através dos Danger Danger. Depois da reunião do Bruno Ravel e do Steve West (baixista e baterista dos Danger Danger) com o Ted Poley (vocalista original) em 2004, muitos fãs esperavam vê-lo a regressar, também, à banda, mas isso não chegou a acontecer. No entanto, juntou-se ao Ted Poley recentemente, para alguns espectáculos a solo na América do Sul. Como é que correu? Os Danger Danger estão definitivamente postos de parte? Como é que se relaciona com esses primeiros anos de carreira?
A.T.: Esses anos foram um período fantástico da minha vida e vou guardar essas memórias sempre com um grande carinho. Foi divertido reunir-me com o Ted para esses espectáculos mas, neste momento, estou a apreciar bastante a minha própria carreira.
P.P.: Parece sentir-se tão confortável a tocar com ícones da pop como a fazer uma jam session no projecto G3 ou a apresentar um repertório jazz. Quais são as suas principais influências? O gosto musical muda com o tempo e a idade ou alguns amores são para sempre?
A.T.: Sim, as minhas influências e o meu gosto musical estão sempre a mudar e, realmente, incluem todo o tipo de música. É claro que comecei como um guitarrista rock, mas daí fui estudar jazz e música clássica... a sério, adoro tudo!
P.P.: Enquanto representante de várias marcas, desenvolveu algumas relações duradoiras e é sempre muito entusiasta com o seu material, trabalhando com os engenheiros para desenvolver novo material e melhorar os modelos existentes. Quanto do groove perfeito é emoção e quanto está relacionado com ter a tecnologia ideal à mão?
A.T.: É claro que o som é muito importante. Tudo começa com as mãos de quem está a tocar, mas é simpático quando o material que estás a usar te ajuda a conseguires o som que desejas. Dito isto, algumas das minhas primeiras gravações foram feitas com a uma simples Zoom Box ligada directamente à consola. Não era, definitivamente, o melhor som, mas a emoção compensou o resto...
P.P.: Para terminar, tinha acabado de regressar de uma longa série de espectáculos no Japão quando o terramoto e o tsunami atingiram o país. O público japonês sempre acolheu muito bem os chamados guitar heroes. Certamente, tem muitos fãs e amigos no país... Como é que viveu toda a situação?
A.T.: Têm sido tempos muito difíceis. Sinto-me muito afortunado porque todos os meus amigos de lá estão bem, mas estão a lidar com uma situação verdadeiramente catastrófica. O meu coração vai para todas as famílias que perderam entes queridos. Não há palavras para descrever aquilo por que estão a passar. Por favor, ajudem de todas as formas que puderem: façam donativos, rezem, enviem pensamento positivo... Eles precisam da nossa ajuda!
Liliana Nascimento
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