
"Em equipa que ganha não se mexe" e por isso Conan O’Brien vai voltar aos Óscares.
Após as boas reações à prestação de 2 de março, a Academia e da Disney (proprietária do canal ABC) não perderam tempo para fazer o convite oficial e assegurar o lendário apresentador de TV e comediante como o anfitrião da 98.ª cerimónia, que terá lugar a 15 de março de 2026.
Não fossem outras organizações adiantarem-se na contratação, os Globos de Ouro também tinham anunciado na quinta-feira, 13 de março, o regresso da comediante Nikki Glaser como anfitriã da sua cerimónia de 2026.
"A única razão que me leva a ser o anfitrião dos Óscares no ano que vem é porque quero ouvir o Adrien Brody terminar o seu discurso", disse Conan O’Brien no comunicado oficial, brincando com o vencedor do Óscar de Melhor Ator por "O Brutalista", que bateu o recorde de discurso mais longo dos prémios com cinco minutos e 40 segundos, segundo o portal do livro Guinness.
Aquando da sua estreia, Conan O’Brien foi anunciado a 15 de novembro, após Jimmy Kimmel ter recusado regressar como anfitrião pela quinta vez e a Academia e a ABC também terem alegadamente ouvido um "não" de John Mulaney.
Após o sucesso, a renovação do contrato só surpreende pela rapidez: duas semanas após a última cerimónia, onde ajudou a manter o ritmo apesar das três horas e 50 minutos de duração.
Sinal disso mesmo é que também regressam para 2026 os produtores Raj Kapoor e Katy Mullan, o que acontece pelo terceiro ano consecutivo.
“Este ano, eles produziram um espetáculo extremamente divertido e visualmente deslumbrante que celebrou os nossos nomeados e a comunidade cinematográfica global da forma mais bonita e impactante. O Conan foi o anfitrião perfeito — a guiar-nos com perícia pela noite com humor, entusiasmo e reverência. É uma honra trabalhar novamente com eles”, destacaram o presidente-executivo da Academia Bill Kramer e a presidente Janet Yang no comunicado.
Já Craig Erwich, presidente do Disney Television Group, destacou que "o Conan teve uma performance inesquecível nos Óscares e estamos honrados por tê-lo e à equipa de produção de volta no ano que vem. O seu estilo cómico único captou perfeitamente o momento e estou entusiasmado por ter os seus talentos de volta ao palco no ano que vem para comandar outra performance marcante”.
No seu podcast "Conan O'Brien Needs A Friend" divulgado na quinta-feira passada, Conan O’Brien e a sua equipa também fizeram um balanço da cerimónia e revelaram pormenores sobre a preparação, destacando a boa relação e espírito de colaboração com a Academia e a equipa da ABC.
Transmitida pela primeira vez também em streaming, a cerimónia foi vista por 19,69 milhões, um recorde de cinco anos, beneficiando de "um crescimento espetacular dos espectadores mais jovens através dos telemóveis e dos computadores", destacou a Disney no comunicado oficial a 4 de março.
Durante a pandemia de COVID-19, a audiência caiu para 10,4 milhões de telespectadores. Há apenas uma década, o evento superava regularmente as 40 milhões de pessoas.
Igualmente relevante foi o impacto nas redes sociais: 104,2 milhões de interações, o que ultrapassou tanto os Grammys (prémios da música) como o Super Bowl (final do Futebol Americano).
Como foi a estreia de Conan O'Brien

Conan O'Brien, que não é conhecido pelo humor político, incorporou algum do humor físico e surreal pelo qual é reconhecido e apareceu muito mais ao longo da cerimónia do que outros anfitriões recentes. Pareceu no seu elemento entre as grandes estrelas, numa prestação que também foi incisiva e elogiada pela generalidade da imprensa e redes sociais.
A estrear-se como anfitrião aos 61 anos, surpreendeu com a sua 'entrada': a sair do 'interior' de Demi Moore em "A Substância".
Já em palco, fez uma rábula entre a afeição e o cinismo com os principais nomeados. Por exemplo, sobre "O Brutalista", com as suas três horas e 35 minutos, disse que "não queria que terminasse e felizmente não terminou".
Falou ainda do uso de Inteligência Artificial, dos aumentos de preços da Netflix e até da reação de John Lithgow se os discursos fossem demasiado longos.
Também foi elegante na forma como lidou com o escândalo da protagonista de "Emília Pérez" e a sua presença na audiência após as suas mensagens antigas nas redes sociais sobre vários temas sociais e políticos e até críticas à cerimónia dos Óscares de 2021.
"'Anora' usa a palavra 'F' 479 vezes. Três mais do que o recorde estabelecido pelo relações públicas da Karla Sofía Gascón", disse o anfitrião.
E rematou: "A Karla Sofía Gascón está aqui esta noite e, Karla, se quiseres mandar mensagens sobre os Óscares, lembra-te que o meu nome é Jimmy Kimmel".
Outra piada bem recebida e que se tornou das mais comentadas após a cerimónia: "Bem, estamos a meio do programa, o que significa que é altura do Kendrick Lamar aparecer e chamar pedófilo ao Drake."
Numa intervenção que lembrou os incêndios que afetaram Los Angeles e as "divisões políticas" da atualidade, Conan O'Brien também lembrou a perenidade do cinema e da sua magia, entre 'estrelas' e os artesãos por trás das câmaras que "não são famosos", com a certeza de que os Óscares regressarão no próximo ano e nos próximos.
"Eu, não", disse. "Mas os Óscares, sim"... o que foi desmentido pela notícia duas semanas depois.
Outro momento muito apreciado na sala foi aquele em que gozou com a cultura do streaming com um anúncio falso onde tenta convencer várias pessoas a deixar de ver filmes no sofá, nos telefones ou tablets para ir a um 'edifício dedicado aos filmes de streaming'... em tudo igual às salas de cinemas, mas chamado CinemaStreams e marca registada pelo comediante "em parceria com a família Sackler e o reino da Arábia Saudita".
Conan O'Brien também colocou os comandantes das corporações de bombeiros a ler as piadas que estavam preparadas para ele, como esta: "Os nossos sentimentos estão com todos aqueles que perderam as suas casas... e estou a falar dos produtores de 'Joker 2'."
Antes de acabar o seu monólogo, o comediante fez uma rábula com Adam Sandler pela forma como estava vestido para a cerimónia e a simulação de um número musical, “I Won’t Waste Time” [Não vou desperdiçar tempo'], uma paródia aos que são muito produzidos nos Óscares (e a recordar o antigo espírito do anfitrião Billy Crystal).
VEJA A ATUAÇÃO "I WON´T WASTE TIME".
Curiosamente, foi ele que protagonizou um dos momentos mais 'políticos' e aplaudidos na única vez que entrou por essa área, quando recordou que "Anora" estava a ter uma ótima noite, na altura em que tinha dois prémios, Argumento Original e Montagem, e revelou a razão: "Acho que os americanos estão entusiasmados por ver alguém finalmente enfrentar um russo poderoso".
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