Baseada na banda desenhada com o mesmo nome, de Dave Gibbons e Mark Millar, o primeiro filme, "Kingsman: Serviços Secretos", de 2014, era uma alucinada comédia de espionagem que andava à volta de agentes secretos britânicos com um guarda-roupa impecável e modos do mais cavalheiro possível. Taron Egerton e Colin Firth lideravam o elenco.

As cenas de ação cheias de estilo contribuíram para o surpreendente sucesso e a sequela surgiu três anos mais tarde: "Kingsman: O Círculo Dourado" contava com a ajuda dos "primos" americanos, os "Statesman" representados por Channing Tatum, Halle Berry, Pedro Pascal e Jeff Bridges.

Agora, "King's Man: O Início", que chega aos cinemas esta quarta-feira, renova o elenco e volta atrás no tempo para contar a história de origem dos espiões mais "gentlemen" do mundo. Ralph Fiennes, Gemma Arterton, Rhys Ifans, Tom Hollander, Djimon Hounsou e Harris Dickinson lideram o elenco do terceiro filme da saga.

Matthew Vaughn, que acompanha a saga desde o primeiro filme, volta a estar na cadeira de realizador nesta prequela que recua até à Primeira Guerra Mundial para contar como se criou a agência Kingsman. O SAPO Mag este na conferência de imprensa virtual de apresentação do filme com o realizador e com os atores do filme, que teve como inspiração um filme específico.

"Eu vi 'O Homem que Queria Ser Rei", que já não via há anos, adorei e pensei 'quero fazer um filme assim, O Homem que Queria Ser Homem do Rei. Depois tive de encontrar os homens do rei - na verdade, encontrar este cavalheiro à minha esquerda [Ralph Fiennes], depois de me ter feito saltar aros de fogo e de ter feito perguntas muito inteligentes a que tive de responder. E ainda bem que o fiz", explica o realizador Matthew Vaughn.

Ralph Fiennes é aqui o Kingsman original, Oxford, um pacifista que se vê obrigado a recorrer a violência para pôr fim à I Grande Guerra. "Foi uma ótima proposta, este papel, de um homem que está determinado, que é um pacifista feroz. Ele perdeu a sua mulher - o que não é um spoiler, vemo-lo muito cedo no filme - e criou o seu filho com a ajuda da Polly [Gemma Arterton]. À medida que os eventos vão progredindo no filme, ele reconhece que há um momento em que é preciso pegar numa arma", detalha Ralph Fiennes.

"O que é fantástico em qualquer papel que tenha uma grande viragem é que isso é algo dramaticamente muito forte e foi isso que me interessou quando li o guião", completou o ator.

Harris Dickinson interpreta Conrad, o corajoso e menos pacifista filho de Oxford, que tem uma relação muito próxima mas de discórdia com o pai e que sublinha a relação de cumplicidade com Ralph Fiennes: "Acho que tivemos muita sorte por naturalmente nos darmos bem, foi muito fácil. O Matthew queria muito que ensaiássemos e estivessemos juntos muito tempo antes, acho que essa foi a chave".

The King's Man
The King's Man Harris Dickinson e Ralph Fiennes em "King's Man: O Início"

"King's Man: O Início" é um filme de época, mas mantém o tom e o estilo a que os dois filmes anteriores nos habituaram. À pergunta do SAPO Mag sobre como foi fazer um filme passado na Primeira Guerra Mundial, mantendo características que o tornassem identificável como parte da saga, Matthew Vaughn respondeu que tinha necessariamente de ser diferente. "Os dois primeiros 'Kingsman' eram Kingsman adultos, mas quando se dá à luz, dá-se à luz a bebés, que têm de crescer e tornar-se homens. Isto é sobre o nascimento dos Kingsman e tem de ser necessariamente diferente dos outros. Digo sempre para imaginarem ver 'O Caçador' saltando a primeira hora de filme: aquelas cenas não seriam tão poderosas. Não teriam conhecido as personagens, elas tiveram de passar por um caminho para haver aquele impacto", explicou o cineasta.

Gemma Arterton é a mulher de armas do filme, ama de Conrad mas também agente da ainda não oficializada agência de espiões. Para o seu papel como Polly, inspirou-se num grupo de mulheres de um período posterior ao da Grande Guerra. "O filme passa-se na altura das sufragistas mas eu fui na verdade inspirada pelas mulheres do Bletchley Circle, algo que acontece na Segunda Guerra Mundial. Elas eram decifradoras de código nos bastidores e eram incríveis. Ela é na verdade inspirada por todas as mulheres com quem cresci, mulheres de classe média que trabalharam arduamente", descreveu a atriz.

Rhys Ifans surge quase irreconhecível no filme no papel de Rasputin e Djimon Hounsou é também um Kingsman original. Do elenco faz ainda parte Tom Hollander que, no filme, interpreta três personagens diferentes: o Czar Nicolau II, o Kaiser Guilherme e o Rei Jorge V.

"Eles são personagens distintas e não as filmámos todas no mesmo dia. De cada vez que entrava em cada personagem também tinha algumas horas na cadeira de maquilhagem e havia tempo suficiente para saber qual estava a interpretar. Às vezes tornava-se difícil distinguir se estivesse a interpretar as personagens russa e alemã demasiado perto uma da outra, era difícil distinguir o sotaque. Mas eram três homens diferentes e havia muito para os distinguir entre si".

"King's Man: O Início" chega esta quarta-feira aos cinemas portugueses.