A caminho dos
Óscares 2025
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Um novo 'thriller' ambientado na redação do canal norte-americano ABC durante os Jogos Olímpicos de Munique de 1972 explora como os seus jornalistas estiveram entre os primeiros a cobrir um ataque terrorista na TV em tempo real, 'um ponto de viragem' na história dos média, explicou o seu realizador Tim Fehlbaum à agência France-Presse.
"O Atentado de 5 de Setembro", que foi nomeado para Melhor Filme de Drama nos Globos de Ouro e está nomeado para o Óscar de Melhor argumento original, chega aos cinemas portugueses após um lançamento limitado nos EUA.
Com Peter Sarsgaard, John Magaro, Ben Chaplin e Leonie Benesch nos papéis principais, no centro da história estão as lutas e dilemas éticos enfrentadas pela equipa de notícias desportivas da ABC quando se veem a mudar do atletismo e do boxe para cobrir um ataque à equipa olímpica de Israel por militantes palestinianos.
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Um dos momentos mais infames da história das Olimpíadas aconteceu quando a televisão em direto estava a descolar, mas ainda estava vários anos atrás do advento dos canais de notícias contínuas e décadas da transmissão ao vivo das redes sociais de hoje.
"Os Jogos Olímpicos de Munique foram um ponto de viragem na história dos média, em termos do aparato dos média para a cobertura", disse Fehlbaum à AFP durante uma entrevista em Paris.
E acrescenta: "O ponto que queríamos destacar é como a tecnologia tem influência nos média e, dessa forma, também influencia como percebemos os eventos noticiosos."
"O Atentado de 5 de Setembro" retrata um cenário dos média muito distante do mundo atual de desinformação 'online' e organizações noticiosas em crise.
No início dos anos 1970, as câmaras filmavam com película de 16 mm, os telefones usavam linhas fixas e os gráficos eram construídos manualmente — tudo recriado por Fehlbaum, um 'geek' confesso, em detalhes deliciosos.
Decisões difíceis
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Apesar dos erros cometidos pela equipa da ABC, o realizador suíço-alemão de 42 anos disse que tinha simpatia pelos seus membros e, por extensão, por outros jornalistas profissionais que tomam decisões em frações de segundo durante a cobertura de notícias de última hora.
"O Meu respeito só aumentou pelas pessoas que trabalham nessa área", disse.
"Hoje, quando assisto às notícias ou às Olimpíadas, sei o quão gigantesco é o aparato e quantas decisões são tomadas em segundo plano, e o quão difícil é tomar essas decisões."
As câmaras de Fehlbaum quase nunca saem da régie da ABC, onde produtores de notícias suados têm que decidir o que transmitir, com os atores frequentemente vistos em diálogo com as imagens de arquivo do mundo real transmitidas naquele dia.
O filme não se detém nas vidas das vítimas nem explora os motivos dos perpetuadores, o grupo palestiniano Setembro Negro.
"Queríamos contar uma história sobre os média, sobre a perspetiva dos média", disse Fehlbaum.
A montagem do filme já terminara quando o movimento islâmico palestiniano Hamas atacou Israel em 7 de outubro do ano passado, deixando 1.208 mortos, a maioria civis, de acordo com uma contagem da AFP baseada em números oficiais.
A operação de retaliação de Israel em Gaza deixou cerca de 47 mil mortos e mais de 110 mil feridos, de acordo com o ministério da saúde administrado pelo Hamas em Gaza.
"É claro que o que aconteceu no entretanto terá influência sobre como as pessoas verão este filme", disse Fehlbaum, acrescentando que proporcionava colocar questões sobre "como nos informamos e como o conflito atual está a ser relatado".
Organizações de notícias estrangeiras foram barradas de Gaza e a organização não govrnamental Repórteres Sem Fronteiras disse em dezembro que o jornalismo estava em perigo de 'extinção' no território por causa dos ataques de Israel a jornalistas palestinianos.
VEJA O TRAILER DE "O ATENTADO DE 5 DE SETEMBRO".
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