
Processado por vários casos de agressão sexual, Gérard Depardieu está atualmente a filmar em Portugal sob a direção da sua amiga Fanny Ardant, anunciou a produtora do filme na sexta-feira, um anúncio que indignou uma das atrizes que apresentou a queixa.
A estrela do cinema francês conhecerá a 13 de maio a decisão do Tribunal Penal de Paris, que o julgou em março por agressões sexuais, que ele nega, e que terão sido cometidas durante a rodagem do filme "Les volets verts" (2022), ironicamente o dia da abertura do festival de Cannes. O Ministério Público solicitou uma pena de prisão suspensa de 18 meses.
As filmagens, com a lenda do cinema francês de 76 anos, começaram em abril na ilha de São Miguel, a maior do arquipélago dos Açores, e terminarão esta semana, disse a produtora Ana Pinhão Moura à agência France-Presse (AFP), confirmando uma reportagem do semanário Voici.
"É uma produção 100% portuguesa", disse. "É uma história de amor sobre duas mulheres que se encontram numa ilha misteriosa."
Fanny Ardant, argumentista e realizadora do novo projeto, testemunhou a favor de Depardieu no seu julgamento.
"Também sou mulher, já passei por coisas assim. Sei que é possível dizer não ao Gérard", declarou a atriz, defendendo o seu "amigo de longa data".
No filme que dirige, Gérard Depardieu interpreta "o mágico da ilha, uma figura misteriosa que serve de elo com outras personagens", explicou Ana Pinhão Moura.
O ator está sob investigação desde dezembro de 2020 após uma queixa de agressão apresentada pela atriz Charlotte Arnould, 50 anos mais nova. Ele nega as acusações.
No Instagram, a atriz criticou Fanny Ardant pela "indecência" de dar um papel a Gérard Depardieu.
"Um julgamento acabou de terminar. O que significa isto para si e até que ponto se sente acima de tudo isto? O perigo nas rodagens é real. E também tem responsabilidades em relação à sua equipe", escreveu Charlotte Arnould, que lamentou um toque de "negação" sobre o ocorrido.
"A ideia não é condenar um homem à prisão perpétua, mas que seja reabilitado no seu próprio ambiente, é necessário que ele faça o que for preciso... Reconhecer os crimes e delitos que cometeu ao longo da vida. Penso, Fanny, que este não foi, realmente, um bom 'timing'", acrescentou.
Depardieu, que fez mais de 200 filmes e séries de televisão, é a figura de maior destaque a enfrentar acusações de violência sexual na resposta do cinema francês ao #MeToo, um movimento que ele descreveu durante o seu julgamento como "terror".
Comentários