Do tipo policial, com dez episódios, a série, que decorre em Lisboa, em plena crise financeira, foi exibida no European Film Market (EFM) do Festival de Cinema de Berlim e, de acordo com o seu produtor, Edgar Medina, já tem interessados em levá-la para outros países.
“Acho que as reações foram bastante positivas, correu muito bem, há entusiasmo relativamente à série. O percurso de internacionalização inicia-se agora e demorará bastante tempo”, revelou à Lusa o produtor, coautor e coargumentista de “Sul”, frisando que “há interesse” em comprá-la, sem, no entanto, adiantar mais dados.
Edgar Medina disse, em declarações à agência Lusa, que a equipa reagiu “com naturalidade” ao convite da Berlinale, porque sabiam que tinham “uma boa série, com potencial”.
“Tendo sido um projeto que já tinha estado cá no ano passado, numa secção de coproduções, obviamente facilita o interesse. Mas há uma diferença clara: no ano passado tínhamos um projeto que ia avançar, um argumento e todo um trabalho preliminar, agora há uma série terminada, que foi vista e selecionada para esta secção”, frisou o produtor.
Ivo M. Ferreira confessou ter feito uma pausa nas montagens de “Sul” para se deslocar a Berlim. “No ano passado viemos dizer que isto existe. Este ano viemos dizer que isto existe mesmo, que estes senhores podem comprar isto para o mundo, estamos mesmo aqui para entregar”, garantiu.
A série, à qual o realizador se refere sempre como filme, é “muito mais do que uma investigação policial”, frisou, “estas personagens são o retrato da cidade e do país”.
“Sempre encarei isto como um grande filme, mesmo com a equipa. Evidentemente que tem particularidades de série, cada episódio tem de funcionar autonomamente, não recuso nada disso, mas [penso] sempre no filme como um todo”, contou Ivo M. Ferreira.
“É um filme ‘noir’ mediterrâneo, lisboeta, e no fundo esse esquema e esse género acabam por encapuzar o retrato da cidade e do pais, e é isso que lhe traz uma graça especial. É um filme que sempre teve a ambição de se internacionalizar, mas que nunca quis ser outra coisa que não um filme ou uma série muito portuguesa”, expressou o realizador.
“Não quero que pareça uma série americana. É uma série muito portuguesa, mas no bom sentido. Normalmente há uma conotação muito negativa com o cinema português, o que é uma coisa absurda (…). Este é um retrato de um país melancólico, numa crise, eventualmente eterna, com personagens muito dinâmicos, que vêm de bairros operários de Xabregas, até aos banqueiros de hoje em dia”, descreveu o realizador de filmes como “Cartas da Guerra” e “O Estrangeiro”.
“Sul” foi um dos projetos que beneficiou do novo sistema de incentivos financeiros ao cinema e audiovisual, criado pelo governo. Uma “ótima novidade” que ajuda projetos portugueses e Portugal, adiantou Edgar Medina, que confessa ter recebido “uma quantia significativa” que adicionou à montagem financeira do projeto.
“Fizemos uma série que é um esforço muito genuíno de trazer uma narrativa de género, um policial negro, para a cidade que amamos, Lisboa, com as suas paisagens e as suas pessoas e, ao mesmo tempo, falar de uma época que nos foi muito cara, a altura da crise financeira, que marcou muito um tempo (…). E por isso, aliando uma narrativa que tem alicerces universais, e que pode ser reconhecida em qualquer parte do mundo, queremos que seja uma forma de nos mostrar e de pensar sobre nós”, concluiu o produtor da “Sul”.
A série portuguesa conta no elenco com, entre outros, Adriano Luz, Ivo Canelas, Margarida Vila-Nova, Jani Zhao e Afonso Pimentel. Edgar Medina, Rui Cardoso Martins e Guilherme Mendonça assinam o argumento.
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