No programa conduzido por Conceição Lino, Júlia Pinheiro, diretora de programas da SIC, sublinhou que o formato abriu um "um debate que nunca foi feito" em Portugal. "Há aqui uma intenção puramente social e pedagógica", sublinhou a apresentadora durante o debate, explicando que os pais das crianças "foram devidamente alertados" e que "visionaram os programas internacionais".
"Estávamos preparados para uma reação. Acho que ela foi muito amplificada por aquilo que é consensualmente dito como o politicamente correto. Aquilo que nos desafia, aquilo que nos mostra uma realidade que não queremos ver mas que sabemos que está lá... abalamos. E reagimos com medo. Acho que neste momento, esse medo já passou, acho que as pessoas já perceberam o que está aqui, que há aqui uma intenção puramente social e pedagógica", defendeu a diretora de programas da SIC.
"O que estamos a mostrar é um documentário e os documentários têm às vezes a crueza da verdade. E a verdade é muito difícil de encarar e dói (...) Nós estamos convictos que este programa é benéfico", acrescentou a apresentadora, defendendo ainda que a SIC está "tranquila".
Júlia Pinheiro frisou ainda que os episódios são preparados com "uma edição muito cuidadosa". "É impossível encenar aquilo que nós vimos e, quero deixar aqui bem claro, que este programa sobre uma edição muito cuidadosa das imagens. Portanto, nem por sombras foram mostradas as imagens que podiam ser consideradas mais difíceis de assistir", explicou.
A presidente da Comissão Nacional de Promoção dos Direitos e Protecção das Crianças e Jovens (CNPDPCJ), Rosário Farmhouse, Dulce Rocha, do Instituto de Apoio à Criança e , a psicóloga Cristina Valente também marcaram presença no debate.
Rosário Farmhouse, da CNPDPCJ, confirmou no debate que recebeu várias queixas, nomeadamente de familiares próximos das crianças que protagonizam o programa da SIC. "Recebemos 21 queixas na comissão logo no dia a seguir e veio também uma queixa dos familiares que achávamos que seriam do segundo programa", revelou.
Já Dulce Rocha defendeu que são expostas no programa as "partes mais negativas, que são comuns a todas as crianças". "Há direitos que são indisponíveis pelos pais. Há direitos que são dados aos pais pela lei mas sempre com um fim: defender a criança, proteger a criança (...) O problema é se esta exposição não afeta a dignidade da criança", frisou.
O primeiro programa "Supernanny" na SIC foi emitido a 14 de janeiro. No dia seguinte, a Comissão Nacional de Promoção dos Direitos e Proteção das Crianças e Jovens tomou uma posição contra o programa por considerar que existe um "elevado risco" de este "violar os direitos das crianças, designadamente o direito à sua imagem, à reserva da sua vida privada e à sua intimidade".
Para a comissão, o conteúdo do programa é "manifestamente contrário ao superior interesse da criança, podendo produzir efeitos nefastos na sua personalidade, imediatos e a prazo".
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