A peça “Um Milhão + 1” é uma ideia original do ator espanhol José Torres, que interpreta, e será apresentada, no sábado, às 21h00, na Sociedade Soão Teotoniense, em São Teotónio, e no domingo, às 15h30, na zona ribeirinha de Odemira, no distrito de Beja.
“Quero que os espectadores, ao verem o espetáculo, se emocionem e depois, quando encontrem um sem-abrigo, o vejam com outra sensibilidade, pois este não é uma pessoa invisível e sem emoções”, explicou à agência Lusa José Torres.
Segundo o ator, que reside no concelho de Odemira e leva mais de duas décadas a fazer espetáculos de rua como ‘clown’ (palhaço, em inglês) Enano, esta produção pretende “colocar em cena um assunto que para a maioria das pessoas não interessa nada”.
“Aliás, quando encontramos um sem-abrigo na rua, fazemos de conta que não o vemos”, disse, sustentando que “pode acontecer a qualquer um ficar sem habitação e ser despejado para a rua”.
Financiado pela Câmara de Odemira, o espetáculo “Um Milhão + 1” tem direção e encenação de Sérgio Fernandes, do Teatro Só, e conta também com as colaborações de André Duarte (música), Ana Baleia (figurinos e cenografia), Fábio Mestrinho (vídeo e fotografia), José Falcão (apoio técnico) e Sugo (design gráfico).
A preparação da peça começou no verão de 2023 e, desde então, José Torres contactou diversas associações nacionais de apoio a sem-abrigo, para se inteirar desta realidade e ter uma melhor noção da mensagem a transmitir.
“Reuni muita informação sobre o universo das pessoas em condição de sem-abrigo, para colocarmos esta questão em palco sem cairmos em clichés”, explicou.
Com esta produção, José Torres assumiu que se atira para “uma piscina sem água”, entrando num universo completamente distinto daquele a que está acostumado enquanto ‘clown’ Enano.
“Acaba por ser um espetáculo muito frágil, poético e visual, onde os espetadores vão fazer uma viagem connosco ao longo da degradação pelo tempo de um sem-abrigo”, reconheceu.
A estreia em São Teotónio e Odemira será apenas “um aquecimento”, garantiu José Torres, que ambiciona manter a peça “durante cinco ou 10 anos”.
“Quero apresentar este espetáculo a pessoas em condição de sem-abrigo e sensibilizar a cidadania para este problema”, afiançou, revelando já estar em contacto com associações portuguesas e de Espanha, República Checa e Eslováquia “para levar até lá a produção”.
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