"Novas Ocupações" nasceu de uma semana de férias que Salvador Menezes tirou em 2015 e nas quais se propôs dedicar-se à música própria, porque estava farto de arquitetura, a área de formação. A partir daquela semana de férias, e durante os dois anos seguintes, foi juntando composições.
Salvador Menezes, 31 anos, recorda que foi um período em que "acordava angustiado e sentia que estava a desperdiçar a vida", canalizando essas dúvidas para as canções do disco.
"O meu disco anda muito à volta daquilo que eu sou. É mesmo muito pessoal e tenho um bocado medo deste disco. Está tão próximo que não é possível distanciar-me dele", contou à Lusa.
O álbum apresenta canções em português, como "Novos Ofícios", que fala sobre a maternidade e a paternidade - foi pai há oito meses -, ou "Autocomiseração de um desempregado", sobre trabalho.
"Cada música é um tema único, há um fio condutor em algumas, que têm a ver comigo. Sou eu, é a minha vida e o que me aconteceu", explicou.
"Confesso", o último tema a ser escrito, poderá ser um dos mais diretos sobre esse processo de criação em nome próprio e no qual cita Leonard Cohen, Serge Gainsbourg ou Paul McCartney: "Encontrei uma travessa cheia de ideias/imaginei que já não sou quem era/fui ouvir as referências para a memória/não pensei fazer igual".
Salvador Menezes escolheu chamar-se Tipo por ser uma palavra com várias referências no dicionário, mas também para se distanciar de si próprio, enquanto arquiteto e membro dos You Can't Win Charlie Brown. Tipo é hoje nome de um músico a solo, mas no futuro poderá alargar-se para uma banda, disse.
Para quem comprar o álbum em versão física verá - tanto na capa como no 'booklet' - fotografias de uma pessoa, organizadas de forma cronológica. São fotografias do pai, desde que nasceu, até ter tido a primeira filha, documentadas pelo tio.
Três anos depois daquela semana de férias, Salvador Menezes é novamente arquiteto e permanece como baixista nos You Can't Win Charlie Brown, grupo que nasceu de uma primeira banda que criou na adolescência com os primos, Afonso Cabral e Tomás de Sousa.
"Se eu pudesse vivia só da música. Gostava de fazer das nove às cinco. Se pudesse fazia-o. A arquitetura é um trabalho, é o que me dá dinheiro para sobreviver", disse.
"Novas ocupações", com selo da Pataca Discos, será apresentado no dia 16 com um concerto na Zé dos Bois, em Lisboa.
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