O cartaz da gala, no salão Preto e Prata do casino, completa-se com Cuca Roseta, Gisela João, Helder Moutinho, Jorge Fernando e Katia Guerreiro.
A gala, na sua 17.ª edição, “é uma referência do calendário fadista”, como assinalou à agência Lusa o investigador de fado Luís de Castro, e vai ser apresentada pela primeira vez, pelo ator e músico Ricardo Carriço.
Luís de Castro, autor de vários artigos sobre fado e de uma biografia do fadista Fernando Farinha (1928-1988), realçou à agência Lusa a participação do músico Rão Kyao, que “demonstrou que se é fadista pelo sentimento que musicalmente se nutre”.
"A flauta de Rão [Kyao], como o ensaiou no saxofone na década de 1980, é absolutamente fadista, a flauta substituiu-se à voz nos seus diferentes cambiantes melódicos, ora dramáticos, ora alegre, conseguindo um expressionismo fadista que não deixa ninguém indiferente. Era já altura de Rão Kyao atuar nesta gala fadista", disse.
Rão Kyao editou em 1983 “Fado Bailado”, um álbum no qual toca saxofone e, acompanhado por António Chainho, à guitarra portuguesa, e José Maria Nóbrega, à viola, interpreta fados do repertório de Amália Rodrigues (1920-1999), como “Ai, Mouraria”, “Foi Deus” ou “Canção do Mar”, entre outros.
Os fadistas e o flautista Rão Kyao sobem ao palco do salão Preto e Prata acompanhados por José Manuel Neto, na guitarra portuguesa, Carlos Manuel Proença, na viola, dois músicos distinguidos com Prémios Amália, e por Daniel Pinto, na viola baixo.
Quanto ao restante elenco, Cuca Roseta editou, em novembro, um disco com canções de Natal, e Ricardo Ribeiro, que fez parte do cartaz do Festival de Sevilha, este ano, tendo ambos marcado presença na edição do ano passado da gala.
Gisela João, com dois álbuns editados, arrecadou já um Prémio Amália Revelação, em 2013, e um José Afonso, em 2014.
Ana Sofia Varela tem dois prémios Amália, para Melhor Intérprete, em 2005, e Melhor Álbum de Fado, em 2010, pelo disco “Fados de Amor e Pecado.
Além de intérprete, Helder Moutinho é também poeta, e já atuou em vários palcos internacionais, destacando-se, entre eles, o Lincoln Center, em Nova Iorque, o Concertgebouw, em Amesterdão, o Palais des Beaux-Arts, em Bruxelas, e a participação nos festivais de Músicas do Mundo de Rudolstadt, na Alemanha, e de Ulsan, na Coreia do Sul, e no de World Music, em Chicago, nos Estados Unidos.
Jorge Fernando, músico, compositor e poeta, acompanhou Amália Rodrigues à viola e é produtor discográfico, tendo, nesta área, sido o responsável pelo primeiro álbum de Mariza, “Fado em Mim” (2001). Em maio último, Jorge Fernando editou o álbum “De Mim Para Mim”.
A 17.ª Grande Gala do Fado “presta uma justa homenagem ao fadista Carlos Zel, falecido aos 51 anos, em fevereiro de 2002, em dando continuidade a uma tradição que teve as suas origens no ciclo das ‘Quartas de Fado’ no Casino Estoril, evento que o fadista promoveu e organizou durante dois anos”, assinala o casino em nota enviada à agência Lusa.
O fadista Carlos Zel (1950-2002), natural da Parede, em Cascais, iniciou carreira profissional em 1967, e popularizou temas como o “Meu Amor Morre no Mar”, “Sonho Louco”, “Palavra à Solta”, “Fado Pechincha”, “Tenho Saudades da Baixa”, “Amar Outra Vez”, “Quero Tanto aos Teus Olhos” ou “Travessa do Poço dos Negros”, entre outros.
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