“A nossa preocupação em envolver as pessoas do concelho no nosso festival levou-nos a fazer uma instalação, em parceria com um projeto internacional, que vai ficar na parede exterior da biblioteca”, adiantou o presidente da Associação A Eira.
Carlos Rodrigues explicou à agência Lusa que no primeiro dia do PrimavEira Fest, a 8 de junho, vai ser feita a instalação na parede com “a colocação de cerca de 50 fotografias de um tamanho bastante grande”.
“Andamos a recolher as fotografias, porque, no fundo, é um enorme mural de retratos dos habitantes mais velhos, para lhes dar a visibilidade que merecem, porque, em algumas aldeias, são elas que ainda conseguem dar vida ao lugar”, destacou.
Carlos Rodrigues assumiu que este mural “é também uma forma de agradecimento e de homenagem às pessoas” do concelho de Penalva do Castelo, no distrito de Viseu.
“A instalação ficará até o tempo a levar, o que acaba também por ser metafórico, porque o tempo também vai levando as pessoas, mas nós quisemos homenagear e agradecer aos nossos cidadãos que persistem em manter vida nos lugares”, defendeu.
Este responsável acrescentou que “as pessoas mais velhas também transportam a identidade dos lugares, através das histórias que contam e os ensinamentos que podem dar e, por isso, são pessoas muito importantes”.
Carlos Rodrigues lembrou que a criação da Associação A Eira teve “muito a ver com as pessoas mais velhas, porque têm muitas tradições a ensinar aos mais novos e também porque toda a gente, em todos os lugares, tem direito de ter acesso à cultura”.
O PrimavEira Fest vem substituir o festival Verão na Eira, que se prolongava nos meses de verão com “atividades dispersas” e, este ano, a associação resolveu “antecipar para a primavera e concentrar em menos de uma semana as atividades”.
Além desta instalação no primeiro dia, o PrimavEira Fest exibe nessa noite, no interior da biblioteca o documentário “Olhares, Lugares, 2017”, de Agnès Varda.
Haverá ainda uma exposição de pintura de Carla Pinto, “Humble”, no Antigo Mercado.
Durante o festival, há ‘workshops’, conversas sobre a sustentabilidade da vida, artes performativas, teatro, com “A viúva… mas pouco”, pelo Grupo Artola, e música com a presença do grupo Girafoles, o DJ Cheganahora e o músico e compositor M-Pex.
“As nossas atividades são mais alternativas, pouco comerciais, porque também usam uma linguagem que os nossos cidadãos mais velhos usam, para que também possamos atraí-los e introduz novas linguagens e culturas, também para lhes dar a conhecer outras manifestações de arte”, esclareceu Carlos Rodrigues.
Os diversos eventos “são gratuitos, porque a ideia é democratizar o acesso à cultura, apesar de isso provocar danos orçamentais”, mas para colmatar essa lacuna, explicou, a associação conta com “a Câmara de Penalva do Castelo que tem apoiado sempre as iniciativas d’A Eira”.
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