O músico morreu na sua casa em Marnes-la-Coquette, a oeste de Paris, para onde foi transferido após ter deixado uma clínica da capital francesa onde esteve internado seis dias, segundo um comunicado divulgado pela mulher, Laeticia.
“Johnny Hallyday partiu. Escrevo estas palavras sem acreditar. (…) Ele deixou-nos esta noite como venceu tudo ao longo da sua vida, com coragem e dignidade”, escreveu.
Jean-Philippe Léo Smet, de seu verdadeiro nome, nasceu em Paris, na França ocupada de 1943. Filho da modelo Huguette Clerc e do artista belga de ‘music-hall’ Léon Smet, viveu em Londres com a tia e o marido desta, um artista de variedades a quem ‘roubou’ o nome artístico.
Conhecido como o “Elvis francês” era sempre comparado em França com o ‘rei’. Foi precisamente o tema “Loving You”, do seu ídolo Elvis Presley, que o levou a decidir que queria ser cantor e tocar em estabelecimentos noturnos.
Johnny Hallyday publicou em 1960 o primeiro álbum, “Hello Johnny”. Um ano depois, sai o seu grande êxito discográfico, uma versão francesa de “Let's Twist Again”, intitulada “Viens danser le twist”, que se tornou disco de ouro.
A partir de então, consolidou a sua popularidade, vertendo temas clássicos do rock & roll para francês, e lançou álbuns como “Jeune Homme, Rivière... Ouvre ton Lit y Vie”.
Hallyday foi uma das maiores estrelas francesas, com uma carreira de mais de 50 anos e mais de 900 canções, com 100 milhões de discos vendidos.
Entre os seus temas de rock & roll contam-se “Rester vivant”, “O Carole” ou “Noir c'est noir”, a versão francesa de “Black is black”, de Los Bravos. Também “Au Café de l'Avenir”, “Oh! ma jolie Sarah”, “Gabrielle”, “La fille de l’été dernier”, “Allumer le feu” ou os clássicos “Mystery Train” ou “Blue Suede Shoes”.
Nos concertos não faltaram também hinos de gerações como “Requiem pour un fou”, “Ma gueule”, “L’Idole des jeunes”, “Que je t’aime”, a lírica “J'ai pleuré sur ma guitare” ou temas 'pop' como “Quelque chose de Tennessee”.
Entre as músicas 'country' destacou-se “De l'amour”. Dos últimos trabalhos figuram a balada “Seul” e “Le pénitencier”, uma canção emblemática da sua carreira, gravada em 1964, que é a adaptação francesa do tema 'folk' norte-americano “The House of the Rising Sun”, popularizado pelos The Animals.
Hallyday morreu devido a cancro do pulmão, doença que anunciou publicamente em março último.
Nos últimos anos, teve uma saúde frágil, agravada pelos excessos com álcool, drogas e tabaco. Em dezembro de 2009 foi hospitalizado nos Estados Unidos, tendo-lhe sido provocado coma induzido devido a um grave problema respiratório.
No passado dia 17 de novembro foi hospitalizado de urgência devido a uma insuficiência respiratória, tendo sido submetido a uma nova sessão de quimioterapia.
Cinco casamentos e uma tentativa de suicídio
Hallyday gravou 50 álbuns e vendeu mais de 100 milhões de discos, criando uma imagem de 'bad boy'.
Hallyday tentou suicidar-se em 1966, desmaiou no palco em 1986 e casou-se cinco vezes, duas delas com a mesma mulher, Adeline Blondieau, a filha de um de seus amigos.
Em 1998, admitiu numa entrevista ao jornal Le Monde que consumia cocaína e que teve uma infância difícil com um pai alcoólatra, que abandonou pela primeira vez a família quando ele tinha apenas oito meses.
Durante algum tempo, pareceu mais calmo ao lado da atriz Nathalie Baye, com quem teve uma filha, Laura Smet, que seguiu a carreira da mãe no cinema.
Viveu as últimas duas décadas ao lado da modelo Laeticia Boudou, 31 anos mais jovem que ele, com quem adotou duas meninas de origem vietnamita.
Nascido como Jean-Philippe Leo Smet em 1943 em Paris, de mãe francesa e pai belga, o cantor foi criado por uma tia, Desta, que era atriz. O nome artístico, trouxe-o empresado do marido americano (Lee Hallyday) da tia.
"Não sou estúpido"
Ridicularizado por humoristas que o caracterizavam como um homem pouco inteligente, Hallyday teve momentos de prestígio ao protagonizar filmes de realizadores de renome como Jean-Luc Godard e Patrice Leconte.
Os aplausos também vieram em 2009 pela sua interpretação como um assassino contratado reformado que procurava vingar a morte da família no thriller "Vengeance", de Johnnie To.
"Não sou tão estúpido como as pessoas pensam", disse Hallyday numa entrevista à AFP em 1998. "Acredito que esta visão pertence ao passado".
No mesmo ano, foi condecorado com a Ordem Nacional da Legião de Honra francesa pelo então presidente Jacques Chirac, que o descreveu como "o ídolo dos jovens".
"Hallyday é uma verdadeira estrela que conseguiu com o seu sucesso unir duas culturas, a francesa e a americana", disse Chirac.
Um rei no seu país
Alguns anos depois, no entanto, o cantor mudou-se para a Suíça e para Los Angeles - onde era fotografado com frequência na sua Harley Davidson - alegando que os impostos na França eram muito elevados.
A sua glória, porém, não viajou além do mundo de língua francesa.
"A minha carreira internacional? Vai acontecer se tiver que acontecer. Mas não quero necessariamente ter sucesso noutro lugar. É melhor ser rei no meu próprio país que príncipe noutro lugar", disse à AFP.
Hallyday comprovou o seu reinado até o fim. Em junho e julho voltou aos palcos ao lado dos amigos Jacques Dutronc e Eddy Mitchell para a digressão "Velhos canalhas".
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