Esta garantia foi transmitida por Pedro Adão e Silva na intervenção que proferiu na abertura do Museu de Arte Contemporânea - Centro Cultural de Belém (MAC/CCB), em Lisboa, antes do discurso que seria proferido pelo primeiro-ministro, António Costa, e tendo a ouvi-lo ex-ministros da Cultura, membros do atual Governo e o presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas.
Pedro Adão e Silva começou por salientar “o investimento muito significativo que o Estado Português tem feito em arte contemporânea, cerca de 100 milhões de euros, caso se considerem os últimos quatro ou cinco anos”.
“Este investimento na arte contemporânea tem um enorme significado, porque corresponde não apenas à ideia que fazemos de nós próprios enquanto comunidade, enquanto sociedade, mas também à forma como nos projetamos para fora”, sustentou o titular da pasta da Cultura.
Neste contexto, Pedro Adão e Silva defendeu a tese de que o Estado “tem também a responsabilidade acrescida na democratização” no sentido de “criar condições efetivas para a fruição pública destas coleções”.
“A inauguração deste museu corresponde precisamente a esse exercício”, indicou, antes de se referir, tal como faria depois António Costa, à recente inauguração da ala Siza Vieira em Serralves, no Porto.
De acordo com o ministro da Cultura, “a diferença que o Governo assume para os próximos anos é não apenas continuar com a política de aquisições, mas, também, garantir que há uma circulação efetiva da coleção”.
“Entendo que este investimento na arte contemporânea, na sua circulação e presença no território, não tem apenas os objetivos da democratização e da coesão [territorial]. Deve ter também uma preocupação com o efeito reprodutivo que o investimento na arte contemporânea pode e deve ter. É com museus como este que nasce o desejo e a possibilidade de termos mais criadores e mais artistas”, disse.
Na sua intervenção, Pedro Adão e Silva considerou também que a abertura do MAC/CCB representa “um novo começo” e um “momento de viragem" para o CCB, que assinala agora 30 anos de existência.
“Cerca de 16 anos depois, o museu volta a ser gerido pelo CCB, com um espaço com nove mil metros quadrados de área expositiva, o que cria muitas oportunidades”, considerou, antes de se referir às coleções que se encontram em depósito.
O ministro da Cultura advogou também que ao CCB se abre agora a possibilidade de “articular e juntar um museu de arquitetura e um centro de artes performativas, o que lhe permite afirmar a sua identidade como um todo e não somente de forma parcelar”.
“O CCB vai ganhar uma unidade e uma relevância que não teve nos últimos anos por força de não ter a gestão” da totalidade do seu espaço, completou.
Ainda em relação ao MAC/CCB, o membro do Governo voltou a realçar que abrirá a sua atividade “em circunstâncias que tendem a ser incomuns”. E justificou porquê: “Inicia a sua atividade com uma dotação para um fundo de aquisições de cerca de dois milhões de euros. Um museu que não faz aquisições é um museu morto”.
O Museu de Arte Contemporânea - Centro Cultural de Belém (MAC/CCB), hoje inaugurado, apresenta exposições que reúnem as coleções Berardo, Ellipse, Teixeira de Freitas, e da artista belga Berlinde De Bruyckere.
Herdeiro das anteriores instalações no CCB dedicadas a exposições e depois ocupadas pelo Museu Coleção Berardo, o MAC/CCB abriu ao público com uma programação especial de entrada gratuita, que inclui uma performance musical de João Pimenta Gomes (sintetizador modular) com voz de Carminho, e a atuação do DJ Jonathan Uliel Saldanha.
No sábado e domingo, entre as 10h00 e as 19h00, o museu será palco de concertos, visitas guiadas e atividades pensadas para o público adulto e famílias, nomeadamente para a nova exposição “Atravessar uma ponte em chamas”, da artista belga Berlinde de Bruyckere.
O MAC/CCB ficou com o depósito das coleções Berardo – do qual o CCB se mantém fiel depositário, por decisão judicial -, Ellipse, adquirida pelo Estado em 2022, e a Teixeira de Freitas, aí depositada, abrindo com a exposição permanente "Objeto, Corpo e Espaço - A revisão dos géneros artísticos a partir da década de 1960" e "Coleção Berardo do Primeiro Modernismo às Novas Vanguardas do Século XX", num percurso com núcleos dedicados às principais vanguardas históricas da primeira metade do século XX, como o cubismo, o dadaísmo e o surrealismo.
A exposição permanente inclui ainda algumas peças da Coleção de Arte Contemporânea do Estado (CACE) e da Teixeira de Freitas.
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