"Não gosto muito de aniversários, mas quando estava a gravar 'Eletrónica', há dois anos, fiz uma peça, a atual 'Oxygène 19', que me fez pensar o que poderia ser 'Oxygène', se o tivesse composto agora", escreveu Jean-Michel Jarre no sítio oficial de apresentação do novo álbum, na internet.
"Tomei, por isso, os 40 anos do primeiro como prazo para compor um novo capítulo". A ideia era fazer "uma nova viagem", mantendo "a referência original", mas "sem a reinterpretar", como em 2006, de acordo com o pioneiro da música eletrónica pop e da new age, referindo-se à edição comemorativa de há dez anos.
O novo álbum tem assim "uma parte mais negra e outra mais luminosa", em paralelo com as faces A e B do vinil original, e mantém uma "aproximação minimalista", tendo em conta os meios usados na conceção anterior.
"Algumas sequências estão construídas apenas sobre um ou dois acordes, como no primeiro volume", escreve o compositor, na apresentação do novo trabalho.
O músico também quis manter a capa de "Oxygène", concebida pelo artista francês Michel Granger, que, em 1976, Jarre já sentira "adequado para a música que estava a compor".
"Oxygène 3" recupera assim a imagem original, "apenas como se tivesse sido fotografada de outro ângulo", o que também está de acordo com o tipo de aproximação que Jean-Michel Jarre diz ter seguido para a criação "do novo capítulo musical".
Há dez anos, o músico assinalou os 30 anos de "Oxygène" com uma reinterpretação do primeiro álbum, e fez uma digressão que, pela primeira vez, passou por Portugal, em 2008, com dois concertos, nos coliseus de Lisboa e do Porto.
Os 20 anos de "Oxygène" deram origem ao lançamento de "Oxygène 7-13", em 1997.
Jean Michel Jarre nasceu em Lyon, há 68 anos, teve formação clássica em música, foi guitarrista de bandas rock como os Mystère 4 e The Dustbins e, em 1968, ingressou no Grupo de Investigação Musical da antiga rádio e televisão pública ORTF, dirigido pelo compositor Pierre Schaeffer (1910-1995), nome fundador da música concreta, especialista em eletrónica e acústica.
As preocupações de Schaeffer - que também se estendiam à ecologia emergente e ao anti-nuclear - marcaram Jarre, que escreveu então a sua primeira peça, "Happiness is a sad song" (1969), e fez o seu primeiro disco, "La Cage/Erosmachine" (1971).
Até à gravação de "Oxygène", em 1976, manteve-se desconhecido, produziu outros artistas, compôs para publicidade e cinema, concebeu música eletrónica para bailado, na Ópera de Paris, gravou discos como "Deserted Palace" (1972).
Depois, tudo mudou. "Oxygène", o álbum instrumental que gravara em casa com sintetizadores, revelar-se-ia um sucesso, com mais de 12 milhões de exemplares vendidos, primeiros lugares nos ‘tops’, prémios na Europa e nos Estados Unidos.
Os seus concertos, ricos em efeitos visuais, passaram a mobilizar multidões e chegaram às páginas do Guiness.
A apresentação do segundo álbum, "Equinoxe", em 1978, reuniu um milhão de pessoas, a de "Rendez-Vous", em 1986, juntou 1,3 milhões. Em 1990, no dia da Bastilha, em Paris, foram ouvi-lo 2,5 milhões, número superado em Moscovo, em 1997, num concerto com 3,5 milhões de espectadores.
Em 2006, Jarre atuou no deserto. Levou ao Saara "Water Live", projeto que o liga à UNESCO, assim como a iniciativa "Educação para todos".
"The Concerts in China" e "Magnetic Fields" (1981), "Zoolook" (1984), "Revolutions" (1986), "Waiting for Cousteau" (1990), "Chronologie" (1993), "Metamorphoses" (2000), "Geometry Of Love" (2003) são outros álbuns que marcaram a sua carreira.
"Oxygène 3" é editado hoje, pela Sony, em CD, vinil e digital, a par de uma caixa com a trilogia - "Oxygène", "Oxygène 7-13" e "Oxygène 3" -, e de uma edição de luxo com os três álbuns, em CD e vinil, e um livro sobre esta “viagem” de 40 anos.
Jean-Michel Jarre vai apresentar o novo álbum ao vivo, em Paris, no próximo dia 12.
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