Da coleção do fundador, Calouste Sarkis Gulbenkian, às coleções Frick, em Nova Iorque, e Gardner, em Boston, das estratégias dos museus ao papel de mercados, antiquários e personalidades como Kenneth Clark, que dirigiu a National Gallery, em Londres, e Hugh Lane, que fundou a Galeria de Arte Moderna de Dublin, diferentes situações e seus protagonistas vão ser analisados.

Os pontos do programa traduzem igualmente os grandes conflitos mundiais e o impacto do roubo de arte a larga escala, pelas forças nazis de Hitler, as convulsões políticas e sociais da época, o contexto geopolítico em mutação, em particular no Médio Oriente, o impacto das diásporas daí decorrentes, e a relação que a construção das coleções acabou por ter na afirmação atual da História da Arte e na atividade museológica contemporânea.

A conferência realiza-se quando se assinalam os 150 anos do nascimento de Calouste Gulbenkian, em março de 1869, e os 50 anos de abertura ao público dos edifícios sede da fundação e do museu, assente na sua coleção, mas a Gulbenkian procura "ir além dos episódios biográficos" do fundador "e considerá-lo à luz de um contexto mais alargado" que testemunhe "como operavam os colecionadores, as suas redes de conhecimentos e a relação que tinham com as suas coleções".

No primeiro dia falar-se-á sobre colecionadores e o modo como as suas opções refletem o período em que viveram.

Intervêm a diretora do Museu Calouste Gulbenkian, Penelope Curtis, o conselheiro Peter Fuhring, da Fundação Custodia, de Paris, que reúne a coleção Frits Lugt, a diretora da Frick Collection, de Nova Iorque, Inge Reist, o professor da Universidade de Southampton Jonathan Conlin, o egiptologista Tom Harwick, curador do Museu das Ciências Naturais de Huston, a investigadora Diana J. Kostyrko, da Universidade Nacional da Austrália.

A historiadora Sarah Coviello, do Warburg Institute, em Londres, e Margarita Cappock, responsável pelas coleções da Galeria Hugh Lane, em Dublin, são outros intervenientes do primeiro dia.

Maria João Neto, do Instituto de História da Arte da Universidade de Lisboa, colocará em evidência ligações entre dois colecionadores que se fixaram em Portugal, com cerca de um século de distância: Francis Cook e o romantismo de Monserrate, Calouste Gulbenkian e a emergência de um novo mundo.

No segundo dia, a abordagem do papel de museus, antiquários e negociantes de arte revela preferências e estratégias nas relações com colecionadores do Berliner Museum e do Museu Britânico, é avaliado o peso da diáspora, na sequência de conflitos, nos mercados e na fixação de coleções, são analisados padrões do colecionismo, na época, e a evolução da linguagem de catálogos e leilões, desde os anos de 1830.

O desmantelamento de coleções como as Rothschild, David-Weill e Alphonse Kann, pelo comando nazi Einsatzstab Reichsleiter Rosenberg, criado para o roubo de obras de arte, está entre os casos abordados, assim como as aquisições feitas durante a II Guerra Mundial, pelo colecionador Anastácio Gonçalves, em Lisboa.

Inês Fialho Brandão, do Espaço Memória dos Exílios, e Ana Anjos Mântua, da Casa-Museu Dr. Anastácio Gonçalves, são as responsáveis pelas comunicações.

O projeto Orion, de construção de uma história digital de arte, orientada para a investigação, centrada no estudo de coleções em Portugal, deverá ser apresentado por Rosário Salema de Carvalho, da Universidade de Lisboa.

Entre os participantes no segundo dia de trabalho contam-se igualmente Patrizia Cappellini, da Universidade de Udine, em Itália, Nuno Vassallo e Silva, do Museu Calouste Gulbenkian, antigo diretor-geral do Património Cultural, Eloise Donnelly, do British Museum, em Londres, Eliot W. Rowlands, consultor independente de arte, Léa Saint-Raymond, investigadora da Universidade Paris Nanterre, e Peter Fuhring, da Fundação Custodia.

O encerramento será feito pela diretora do Museu Gulbenkian, Penelope Curtis.

A conferência será transmitida em direto através da página no Facebook da Fundação Gulbenkian, segundo a instituição.