“Foram 20 anos de muita aprendizagem. Vimos de uma região onde os nosso pais sempre tocaram e nos ensinaram a tocar. Estamos a dar continuidade”, explicou o elemento da banda Celso Mahuaie (timbila, percussões, mbira, voz), em entrevista à Lusa, no Castelo de Sines, após o concerto.
Assim como os pais lhes transmitiram a tradição musical, também eles ensinam os filhos e outros jovens. “Há mais de 20 anos pela frente, claro. Acho que mais de 100 anos! Só o poder do próprio instrumento que usamos, o mbira [instrumento da família do xilofone], já vem de há muitos anos atrás a ser tocado, sempre passou de geração em geração”, assinala, recordando que o instrumento acompanha as cerimónias em memória dos antepassados.
Moçambique é “um país culturalmente de muita intensidade, de muitos movimentos culturais diferentes, sendo ele um país composto por várias etnias”, refere o músico. “Quando se junta isso [a diversidade], é uma orquestra mesmo muito forte”, resume.
Esta “densidade” cultural devia ser valorizada pela política. “Os nossos avós… se ouvirmos os temas que eles estiveram a tocar nos anos [19]38 para cá, sempre criticavam os chefes locais através da música, (…) para haver uma mudança”, lembra Celso Mahuaie. A mudança necessária ao Moçambique atual “é política, no desenvolvimento em geral”, resume o músico.
A banda de oito músicos-bailarinos cantou um poema do português Miguel Torga, misturado com textos da moçambicana Paulina Chiziane. “Apreciamos muito a literatura daqui, fizemos uma montagem entre os grandes escritores daqui e os grandes de Moçambique”, explica.
Em digressão pela Europa há um mês, os Timbila Muzimba, que, antes de Sines estiveram no Festival Mimo, em Amarante, ainda vão passar pela Bélgica, antes de regressarem a Moçambique.
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