Concebida pelo Vitra Design Museum, na Alemanha, a exposição apresenta mais de 200 peças das áreas de design e arte, com robôs utilizados em casa, nos cuidados de saúde assistidos e na indústria, em jogos de computador e instalações de media.
"Os robôs podem ser nossos amigos? Podemos confiar nos robôs? Os robôs podem ter sentimentos?" são algumas das questões dispersas pelas sucessivas salas da mostra, cujo conteúdo revela as maravilhas da tecnologia já alcançadas, e as prometidas para o futuro.
Um futuro que "é cada vez mais presente", disse hoje uma das curadoras da exposição, Amelie Klein, durante uma visita guiada para jornalistas, apontando que os telemóveis que usamos, e que nos acompanham constantemente, "são também robôs" com todos os serviços que fornecem, muito além da comunicação.
"Quase todas as semanas nos confrontamos com as notícias alarmantes que os robôs vão roubar postos de trabalho às pessoas, mas também há notícias entusiásticas sobre o que as tecnologias fazem e poderão fazer para nos ajudar", disse a curadora.
Recentemente, uma pesquisa encomendada pela Confederação Empresarial de Portugal anunciava que os robôs ameaçam mais de um milhão de postos de trabalho no país, apontando o comércio e a indústria como as áreas mais ameaçadas, para a próxima década.
Este "medo da automação", segundo Amelie Klein, não é novo, e acompanha a Humanidade há muito, mas as tecnologias "vão provocar sempre uma ambivalência: medo que nos roubem o nosso lugar no tipo da evolução e, ao mesmo tempo, uma esperança de salvação".
Ao longo da exposição, os visitantes vão poder conhecer diversas aplicações robóticas, desde o lazer, com brinquedos variados, como o pequeno cão robô, ou os 'tamagochi' - um animal de estimação digital - que se tornaram muito populares nos anos de 1980.
Uma foca bebé de peluche que emite sons reagindo ao toque - robô já usado no acompanhamento de doentes com demência - ou um pequeno mecanismo que se pode implantar na mão para fazer acionar a porta de casa ou do carro, sem serem necessárias chaves, são outros exemplos das aplicações das máquinas que os visitantes podem ver na exposição.
A robótica entrou na vida quotidiana das pessoas, quer no trabalho, nos transportes, em serviços de saúde e até na sexualidade, levantando questões sobre o seu impacto no comportamento dos humanos, e na sua relação com as máquinas.
"As perguntas já ultrapassaram a forma e a função, e passaram para a interação e a relação", salientou a curadora, acrescentando que as máquinas vão ser cada vez mais autónomas, inteligentes e autodidatas.
"Não nos podemos esquecer que são os seres humanos que as programam, e que passam para elas os seus valores e a sua ética", ressalvou.
As questões vão-se sucedendo nas salas, interpelando o visitante para a reflexão, ao mesmo tempo que vai conhecendo as imensas potencialidades da robótica: "Você quer que um robô tome conta de si?".
E surge nessa altura uma máquina que está a ser usada no Japão nos cuidados paliativos: a máquina possui uma superfície macia que faz “festinhas" ao doente, para que fique mais acompanhado e tenha uma sensação de conforto.
"O mais importante de tudo é saber quem está a controlar a situação", finalizou a curadora, apelando ao debate e à reflexão sobre estas questões.
O Vitra Design Museum é um museu de design localizado na cidade de Weil am Rhein, na Alemanha, dedicado à pesquisa e apresentação de design, passado e presente, na sua relação com a arquitetura, a arte e a cultura quotidiana.
"Hello Robot!" vai estar patente no MAAT até 20 de maio de 2019.
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