Fundado em 1928, o Alexandrov Ensemble, conhecido em suas digressões enquanto coro do Exército Vermelho, reúne cerca de 200 cantores, músicos e dançarinos.
O seu repertório tem mais de 2 mil obras - canções folclóricas, composições em homenagem à URSS, música sacra e alguns sucessos internacionais -, que interpretam com as suas vozes potentes, acompanhadas de coreografias repletas de acrobacias.
O conjunto, um dos poucos que se apresentava no exterior durante a época soviética, também fez centenas de concertos na URSS, gravou dezenas de discos e impôs-se como uma presença habitual nas festas públicas.
Durante a Segunda Guerra Mundial, os seus músicos não descansavam. Fizeram mais de 1500 espetáculos para os soldados soviéticos em zonas de combate e nos hospitais.
O seu fundador, o general e compositor Alexandre Alexandrov, dirigiu o coro durante 18 anos, e foi sucedido pelo seu filho Boris, que liderou o conjunto entre 1946 e 1987.
O seu diretor atual, Valeri Khalilov, estava no avião que caiu neste domingo no Mar Negro quando se dirigia à base aérea russa de Hmeimim, perto de Latakia, no noroeste da Síria, onde iam celebrar o Ano Novo com os soldados.
As autoridades russas afirmaram que não havia "sinais de sobreviventes" na zona.
"Perda irreparável"
"É uma grande injustiça", afirmou o pianista Denis Matsuyev, que lamentou a perda de um "maestro excelente". "O Alexandrov Ensemble é um cartão de visita da cultura russa", acrescentou, segundo a agência pública Ria-Novosti.
Ovacionado pelo público durante as suas numerosas digressões em mais de 70 países, tanto na Europa como na Ásia, o coro recebeu em 1935 a Ordem da Bandeira Vermelha, um dos maiores reconhecimentos soviéticos, pelos seus "méritos excepcionais na cultura".
"O Alexandrov Ensemble é um dos melhores do mundo. Atuava sempre em zonas de conflito (...). É uma tragédia terrível", disse Elena Chtcherbakova, diretora artística do Ballet Igor Moiseyev, à Ria-Novosti.
O coro do Exército Vermelho cantou para tropas em diversas zonas de combate, como Afeganistão, Jugoslávia ou Tchetchénia.
"Eles iam para a Síria com uma grande missão, uma missão de paz", disse o primeiro-ministro russo, Dimitri Medvedev. "É impossível aceitar esta perda", acrescentou.
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