Na página oficial, o festival anuncia que a 64.ª edição decorrerá no Centro Internacional de Convenções em Telavive, com as semifinais agendadas para os dias 14 e 16 de maio e a cerimónia da final do concurso musical a 18 de maio.
Telavive acolherá pela primeira vez o evento e , segundo a organização, foi escolhida num processo no qual eram também candidatas as cidades de Jerusalém e Eilat.
Israel recebe o Festival Eurovisão da Canção em 2019 depois de ter vencido a edição deste ano, em Lisboa, com o tema "Toy", interpretado por Netta Barzlilai.
O anúncio acontece dias depois de mais de uma centena de artistas de todo o mundo, incluindo de Portugal, terem manifestado apoio a um apelo de organizações culturais palestinianas para o boicote ao festival Eurovisão, caso se confirmasse que teria lugar em Israel.
Israel acolheu, em Jerusalém, o Festival Eurovisão da Canção em 1979 e em 1999, por ter vencido nos anos anteriores.
Em 1980, embora tenha vencido em 1979, o país declinou a oportunidade de organizar o concurso pela segunda vez consecutiva, acabando por passar para a Holanda.
Em maio passado, quando venceu o concurso em Lisboa, a cantora israelita Netta Barzlilai celebrou a vitória dizendo que em 2019 o festival seria em Jerusalém, algo que o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, imediatamente reforçou, para mais tarde recuar.
Na altura, o supervisor executivo do Festival Eurovisão da Canção, Jon Ola Sand, esclareceu que a decisão sobre a cidade e data do evento não estava ainda tomada e que seriam precisas reuniões com Israel, em particular com a televisão pública KAN.
A referência a Jerusalém foi feita numa altura em que os israelitas comemoravam, em maio, os 70 anos do nascimento do Estado de Israel, e o festival acabou por ser tornar num argumento de discussão política e diplomática sobre os estados judeu e palestiniano, quando as conversações de paz internacionais entre ambos continuam num impasse.
A situação política foi ainda acompanhada pela transferência da embaixada dos Estados Unidos em Israel de Telavive para Jerusalém.
Em junho, a União Europeia de Radiofusão, organizadora do festival, fez saber que pretendia um lugar "menos controverso" do que Jerusalém, cidade dividida entre israelitas e palestinianos desde 1967, e Benjamin Netanyahu concordou que o governo se afastaria da escolha da cidade.
Ao mesmo tempo, diversas organizações culturais palestinianas apelaram ao boicote, sublinhando que "o regime israelita de ocupação militar, colonialismo e apartheid está descaradamente a usar a Eurovisão como parte da sua estratégia oficial ‘Brand Israel’, que tenta mostrar ‘a face mais bonita de Israel’ para branquear e desviar a atenção dos seus crimes de guerra contra os palestinianos”.
Hoje, no anúncio da escolha de Telavive, o presidente do comité do festival, Frank-Dieter Freiling, afirmou que a organização aguarda esta semana "garantias do primeiro-ministro [de Israel] sobre segurança e liberdade de circulação para todos os que forem ao evento".
"Estas garantias são essenciais para que possamos avançar com o planeamento do evento, garantir a segurança dos visitantes e assegurar os valores de diversidade e inclusão do Festival Eurovisão da Canção", afirmou.
Comentários