O romance “Viagens”, da escritora polaca Olga Tokarczuk, que venceu a edição deste ano do Prémio Man Booker International e foi finalista do National Book Award para literatura traduzida, vai ser editado em Portugal pela Cavalo de Ferro, chancela do grupo 2020, em março do próximo ano.
Segundo a editora, este é “um romance brilhante e original, na linha [do escritor alemão] W.G. Sebald, sobre o conceito de viagem no século XXI, que cruza narrativa e reflexão numa meditação sobre o tempo, o espaço, a mitologia, passando pela história e anatomia humana”.
Também pela Cavalo de Ferro, chega em maio “A Minha Intenção”, de Czeslaw Milosz, considerado “um dos poetas maiores do século XX e um ensaísta de invulgar clarividência”.
Neste volume reúnem-se alguns dos seus ensaios mais representativos, inéditos em Portugal, que abarcam um arco temporal de mais de 25 anos e percorrem toda a sua bibliografia.
Sob a forma de reminiscências autobiográficas ou de pequenas narrativas históricas de teor filosófico, estão patentes os grandes temas do escritor: o sentido da História, a existência do mal e do sofrimento, a transcendência da vida, e a ascensão globalizada da racionalidade científica em detrimento da imaginação religiosa.
Em abril, chega às livrarias “Zama”, um romance de Antonio di Benedetti, considerado uma obra-prima da literatura argentina, até hoje inédita em Portugal, sobre um oficial destacado para um canto remoto do Paraguai, em finais do século XVIII, e que, afastado da mulher e dos filhos, cai numa espiral alucinatória de autodestruição.
Neste primeiro semestre, a Cavalo de Ferro publica também “Pequenas Cadeiras Vermelhas”, classificado como um dos melhores romances da escritora de língua inglesa Edna O'Brien, bem como um volume de contos de Shirley Jackson, que inclui “Lotaria”, o famoso conto da escritora norte-americana, publicado originalmente em 1949 na revista New Yorker, que gerou, na época, uma reação de pânico e horror tão imediata quanto violenta por parte leitores, superando a famosa emissão radiofónica de “A Guerra dos Mundos” de Orson Wells.
A chancela Elsinore traz em abril “Kentukis”, um novo romance da escritora argentina Samanta Schweblin, que tem sido considerada “uma das vozes mais originais da literatura contemporânea de língua espanhola”. Nesta obra explora os medos sociais do século XXI, expondo os limites e perigos de uma sociedade hipertecnológica numa história de 'voyerismo' contemporâneo com contornos sombrios.
Logo em janeiro, chega às livrarias “O Mel do Leão – o Mito de Sansão”, de David Grossman, um livro que reúne ensaio, história e literatura, numa viagem pela história e psicologia de uma das personagens mais significativas da Bíblia e um dos mitos fundadores do Estado de Israel, lançando um novo olhar sobre o passado e projetando-o no mundo de hoje.
Em fevereiro, a Elsinore publica “A dor”, de Zeruya Shalev, um romance atual, traduzido do hebraico, de uma das mais destacadas autoras da literatura contemporânea, que já está publicado em 25 países, e que conta a história de um matrimónio e de uma família, que reflete simultaneamente a situação política atual em Israel.
No mesmo mês, regressa, numa edição inteiramente revista, “A Sexta Extinção”, de Elizabeth Kolbert, livro vencedor do Prémio Pulitzer e finalista do National Book Critics Award, que se classificou como um dos livros de divulgação cientifica mais relevantes dos últimos anos, propondo o conceito de História da Extinção para explicar o presente e evitar o futuro do nosso mundo, segundo a Elsinore.
Em março, chega às livrarias o romance “Ragnarök – O Fim dos Deuses”, da multipremiada escritora inglesa A.S. Byatt, que conta a história de uma menina de cinco anos que é enviada para o campo, quando Londres é bombardeada, e acaba por encontrar companhia e refúgio num grande volume acerca dos mitos nórdicos, que de repente se tornam familiares, diluindo as fronteiras entre os dois mundos, “fazendo florescer um novo mundo simultaneamente, espelho e janela”.
“Vernon Subutex”, primeiro volume de uma trilogia romanesca de enorme sucesso, da autoria de Virginie Despentes, que foi finalista do Prémio Man Booker Internacional 2018, é outra novidade de março, estando já prevista a publicação do segundo volume, também pela Elsinore, em julho de 2019.
Outro finalista do National Book Award de 2018, “A Lucky Man” (no título original), livro de contos de James Brinkley, foi “uma das estreias literárias mais empolgantes da literatura norte-americana dos últimos anos” e vai ser publicado em maio.
Nove relatos fraturantes e contundentes sobre a vulnerabilidade da sociedade americana, onde as relações sociais e o caminho para a vida adulta são pautadas pelos efeitos do poder e do privilégio.
Ainda em maio, será editado “Benjamin's Crossing” (no título original), de Jay Parini, um romance biográfico sobre os terríveis últimos meses de vida do escritor e filósofo judeu-alemão Walter Benjamin, desde a sua desesperada fuga de Paris, perseguido pelos nazis, até à sua trágica morte por suicídio, na fronteira dos Pirinéus espanhóis.
Em junho, chega um novo romance de Ali Smith, “Girl Meets Boy”, no qual a autora traz para a época contemporânea o episódio mitológico de Ífis e Iante, narrado por Ovídio nas suas "Metamorfoses", em tom lírico, irónico e político.
A 2020 destaca ainda a publicação, em fevereiro, pela chancela Topseller, de “Vox”, um romance distópico, de Christina Dalcher, finalista dos Goodreads Choice Awards 2018, na categoria de Ficção Científica, que trata temas como o feminismo e o populismo conservador.
Nesta história, o governo decreta que as jovens e mulheres apenas estão autorizadas a dizer cem palavras por dia, sofrendo choques elétricos sempre que ultrapassam o limite, que canetas e papéis são proibidos, os livros fechados a sete chaves e que a utilização de linguagem gestual é punida.
O livro será apresentado pela autora, que vai estar em Lisboa entre os dias 10 e 13 de fevereiro.
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