O ciclo “Dar Novos Mundos ao Mundo”, que enquadra a América do Norte e Sul como região que guia a programação para o novo ano, arranca na sexta-feira com um concerto da Orquestra Sinfónica do Porto, pelas 21:00, na qual está prevista a presença do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.
A “abertura oficial” conta com “um compositor argentino fundamental, Alberto Ginastera, com uma música extremamente poderosa e espasmódica, abrindo assim com a evocação de alguns ritmos da América do Sul”, explicou à Lusa o diretor artístico da instituição, António Jorge Pacheco.
A “Popol Vuh, La creación del mundo maya”, uma obra sobre a mitologia maia e a criação daquele povo, uma peça “nunca tocada em Portugal”, segue-se a Sinfonia n.º9, “Do Novo Mundo”, do checo Antonin Dvorak que este compôs em Nova Iorque.
No dia 18 de janeiro, pelas 21:00, a Sinfónica volta ao palco da Sala Suggia para “Américas”, uma viagem pela música de compositores como os norte-americanos George Gershwin (“Abertura Cubana”), ou Leonard Bernstein (“Abertura Candide”), antes da estreia em Portugal de “Orion”, do canadiano Claude Vivier, “uma espécie de Pasolini da música, pela biografia conturbada”.
Na segunda parte, o México é explorado através de “Sensemayá”, de Silvestre Revueltas, terminando “em apoteose” com “Amériques”, uma obra do francês Edgard Varèse que pede “uma orquestra gigantesca”.
No dia seguinte, pelas 18:00, o Remix Ensemble junta-se aos Synergy Vocals para interpretar obras do argentino Mauricio Kagel e estrear outra obra de Vivier, para soprano e ensemble, antes de outro inédito em solo português, da autoria do norte-americano Steve Reich, “Tehilim”.
O ciclo encerra a 20 de janeiro, com uma atuação do Coro Casa da Música, numa viagem dirigida pelo maestro Paul Hillier que pretende “lançar pontes entre o Velho e o Novo Mundo, e entre o passado e o presente”, com obras dos portugueses Filipe de Magalhães ou Manuel Cardoso, mas também de Arvo Part, Manuel de Sumaya, Abraham Wood ou Julia Wolfe, entre outros.
O serviço educativo da Casa também se junta ao ciclo, com “Sítio do Pica-Pau Amarelo”, uma peça com direção artística de Mário João Alves que pretende “imergir no folclore mágico do Brasil” a partir das personagens para crianças de Monteiro Lobato, pelas 16:00 de dia 19 de janeiro.
Um hábito no início do ano da instituição, o ciclo Casa Aberta decorre entre 16 e 20 de janeiro e inclui vários tipos de iniciativas, todas de entrada livre, e tem este ano “uma programação muito mais intensa do que o habitual”, convidando “a visitar parte do espaço a que normalmente o público não tem acesso”.
“Normalmente sentam-se na sala com o concerto ‘já feito’. Queremos mostrar o outro lado da Casa, o invisível e o dia-a-dia”, atirou António Jorge Pacheco.
Um dos destaques é um ciclo de cinema com cineastas das Américas, com curadoria do Cineclube do Porto, mas também a realização de ensaios abertos, da Sinfónica e do Remix Ensemble, “com realidade aumentada, uma experiência inédita em Portugal”.
“Vamos fazer esta experiência em ambiente de ensaio exatamente porque em ambiente de concerto fazemos questão de dizer às pessoas que desliguem os telemóveis. Convidamos agora a fazer o contrário, a instalar uma aplicação, e a partir da ‘app’ teremos inúmeras câmaras no palco e o público pode seguir apenas um músico, ou a partitura, ou ler as notas de programa, entre outras coisas, numa realidade imersiva”, explicou.
A Casa Aberta contempla ainda visitas guiadas, espetáculos de danças de raiz americana, ensaios abertos e instalações artísticas, bem como várias palestras que contextualizam os temas e compositores para 2019 e concertos.
O destaque vai para a “Noite Non-Stop”, que arranca pelas 22:30 e se estende até às 06:30 de dia 20 de janeiro, altura em que será “servido chocolate quente aos resistentes”, depois de concertos um pouco por todo o espaço, de nomes como HHY & The Macumbas, Bezegol, Conan Osiris ou o DJ alemão Matias Aguayo.
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