No trabalho publicado na quarta-feira à noite, o jornal refere que “várias mulheres dizem que Ryan Adams se ofereceu para as ajudar no início das carreiras musicais, e depois perseguiu-as sexualmente e, em alguns casos, retaliou quando o desprezaram”. Entre as mulheres citadas na reportagem está a ex-mulher do músico, a cantora e atriz Mandy Moore.
Após a publicação da reportagem, o músico reagiu publicando várias mensagens na sua conta oficial no Twitter: “Não sou um homem perfeito e cometi muitos erros. A quem alguma vez magoei, intencionalmente, peço desculpas profundamente e sem reservas”, começou por escrever.
Aos 44 anos, o cantor e compositor já editou 16 álbuns e tem dedicado alguma atenção à carreira de artistas mulheres, dando-lhes palco, em estúdio e através das suas contas nas redes sociais.
Em declarações ao The New York Times, sete mulheres, uma das quais menor na altura dos factos, descrevem “um padrão de comportamento manipulador”.
O jornal teve acesso aos registos da comunicação entre o músico e uma fã, em 2013. Nessa altura, ela tinha 14 anos e era a uma baixista a tentar iniciar uma carreira na música. Os registos incluem mais de três mil mensagens trocadas entre os dois quando ela tinha 15 e 16 anos.
Segundo jornal, “a troca de mensagens sobre música acabou por transformar-se em mensagens gráficas”. Hoje com 20 anos, a jovem contou que fizeram “videochamadas no Skype, nas quais Ryan Adams se expunha durante sexo por telefone”.
Nas SMS, a jovem, “questionada repetidamente sobre a sua idade”, disse algumas vezes ser mais velha do que era. Em novembro de 2014, o músico chegou a escrever: “Eu teria problemas se alguém soubesse que falamos assim”.
Nas publicações feitas no Twitter depois da reportagem, Ryan Adams defende que “o quadro que o artigo pinta é perturbadoramente impreciso”.
“Alguns dos detalhes são deturpados; alguns exagerados; alguns são francamente falsos. Eu nunca teria interações inapropriadas com alguém que pensasse ser menor de idade. Ponto final”, escreveu.
Ryan Adams é representado pelo advogado Andrew B. Brettler, o mesmo do realizador Bryan Singer, sobre quem já recaíram várias acusações de cariz sexual ao longo dos anos.
No mês passado, a revista The Atlantic noticiou um alegado comportamento predatório do realizador de “Bohemian Rhapsody” com vários jovens, incluindo a prática de sexo com um adolescente de 15 anos em Beverly Hills, Califórnia, em 1997.
Em relação ao artigo do The New York Times sobre Ryan Adams, o advogado disse, em declarações ao jornal, que o cantor não se recorda das trocas de mensagens com a jovem. “O senhor Adams nega inequivocamente que se tenha alguma vez envolvido em comunicações sexuais online inapropriadas com alguém que soubesse ser menor de idade”, afirmou.
Além disso, o cantor afirmou, ainda através do advogado, que não tinha poder para fazer ou desfazer carreiras e negou categoricamente as “acusações extremamente sérias e estranhas”.
O The New York Times conta também a experiência da cantora Phoebe Bridgers, que tinha 20 anos quando conheceu Ryan Adams.
O músico ajudou-a a iniciar-se profissionalmente na música, tendo-a convidado para gravar no seu estúdio. À medida que iam conversando sobre o disco, iniciaram um romance.
De acordo com Phoebe Bridgers, Ryan Adams começou a falar em casamento ao fim de uma semana e pediu-lhe que fizesse a primeira parte dos concertos da digressão que o músico iria iniciar em breve.
No entanto, segundo a cantora, a atenção de Ryan Adams “tornou-se obsessiva e emocionalmente abusiva”, com ‘bombardeamento’ de SMS e pedidos que provasse que estava efetivamente onde dizia estar, e ameaçando suicidar-se caso ela não respondesse de imediato.
Depois de Phoebe Bridgers terminar a relação, segundo a cantora, Ryan Adams “tornou-se evasivo quanto ao lançamento da música que gravaram juntos e rescindiu a oferta para que ela abrisse os seus próximos concertos”.
Esta e outras histórias contadas ao The New York Times foram, segundo o jornal, corroboradas por familiares e amigos das mulheres, que presenciaram vários momentos.
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