A Câmara Municipal de Pombal, que organiza o encontro, espera cerca de 150 participantes para o encontro, que se reparte por “apeadeiros” dedicados à leitura, narração e ilustração que, por sua vez, se desenvolvem em conferências, oficinas, exposições e sessões de narração oral.
“Este é um encontro que nasceu como Carreirinho de Letrinhas ao Encontro da Palavra, e, passados quatro ou cinco anos de edições, sentimos a necessidade de trocar o nome para Caminho, porque realmente já não estávamos num percurso pequeno, mas num percurso mais abrangente e um percurso maior”, recordou à agência Lusa a Chefe da Unidade de Cultura da Câmara de Pombal, Sónia Fernandes.
Em duas décadas, Caminhos de Leitura projetou-se como um evento “muito específico para a área da mediação leitora”, especializando-se na “promoção do livro, da leitura e na animação do livro e da leitura”.
“Tem muito a parte prática, do mostrar como se faz ou como se pode fazer” para “atrair os mais novos, os jovens e as crianças ao gosto pela leitura. No fundo, é isso que nos distingue”, frisou a organizadora.
“Caminhos de Leitura cresceu à base do que vemos, daquilo que sentimos, daquilo que nos apercebemos que é solicitado”, levando a Pombal “escritores e ilustradores emergentes”, para disseminar as práticas mais atuais na área da mediação.
Nesta 20.ª edição, entre as oito conferências especializadas há, por exemplo, um espetáculo que cruza leitura e dança, a sessão de Contos Contados e Cantados, a demonstração de um narrador mágico e a entrega dos selos Caminhos de Leitura, pelo projeto Observatório de Leitura, criado em 2022.
Mas a principal novidade é a Caminhada Poética: no dia 23, celebrando também o São João, os cerca de cinco quilómetros que ligam Pombal à Aldeia do Vale terão momentos dinamizados pela companhia Radar 360º e, já na mais antiga aldeia do concelho, performance numa eira, sardinhada na associação local e espetáculo de Omiri.
“Vamos rumar para fora da cidade e entrar num outro território onde se apela à tranquilidade e à natureza” para aí tratar “da parte da oralidade e da narração”, convidando a “olhar à volta e a ler as coisas de forma diferente”, explicou Sónia Fernandes.
Durante os três dias, o programa procura ir ao encontro de questões relacionadas com os desafios e o futuro da leitura.
Essa reflexão junta especialistas do Brasil, Espanha, França, Venezuela e Portugal, nas áreas da leitura, escrita e ilustração.
Clovis Levi, Mafalda Milhões, Fanuel Hanán Díaz, Tâmara Bezerra, Cristina Taquelim, José António Portillo, Ricardo Azevedo, Ernesto Rodríguez Abad, Luísa Venturini, Julieta Rodrigues ou Maurício Corrêa Leite são alguns dos convidados desta edição, em que, como há 20 anos, se continua a procurar formas de levar os jovens a ler.
Sónia Fernandes considerou que, hoje, “o desafio é maior”, porque há “acesso a tudo com muita facilidade”, o que se reflete na “capacidade de concentração e de trabalho de leitura”, um ato individual que “requer tempo”.
As consequências notam-se já, “a nível do poder de concentração dos mais jovens”, nomeadamente “no poder da escrita, no poder da argumentação”, com implicações “na sociedade, na forma de estar, na forma de participar”, concluiu a organizadora.
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