No ano em que completa 30 anos, Eva RapDiva entra no mercado discográfico do país onde começou a ‘rappar’, aos 12 anos, com disco de homenagem à avó, Eva, editado em Angola no ano passado.
“Eu comecei cá, fui levantar voo lá e agora estou a passar com o meu avião por Portugal, visto que Moçambique e São Tomé também são mercados onde tenho uma receção muito grande, são países onde costumo ir fazer concertos, tenho um grande público”, partilhou, em declarações à Lusa, em Lisboa, acrescentando que “o objetivo é espalhar pela Lusofonia toda”.
Quando chegou a Angola, Eva RapDiva “já era uma rapper com uma história de uns dez anos de rap”.
“Sou uma filha do hip-hop tuga, completamente”, partilhou, apontando Boss AC, Black Company e Da Weasel como artistas que a influenciaram, embora faça questão de dizer que atualmente “todo o artista que faça bom rap” acaba por inspirá-la e influenciá-la.
Hoje, “é difícil dizer” onde vive. Divide-se entre Angola e Portugal, “metade lá e cá”.
Decidiu editar “Eva” em Portugal por ser aqui a sua “base”. “Acho que é importante voltar a casa e dizer ao pessoal ‘aquela menina dos ‘freestyle’ está aqui e hoje é uma mulher, este é o meu trabalho e espero que se orgulhem disso’”, referiu.
A “luta e trajeto” que tem trilhado é “o trajeto de uma mulher, rapper, que se tenta impor num mundo artístico dominado por homens”.
Um percurso “difícil, mas possível”. “Se fosse homem acredito que seria mais fácil, mas não seria tão gratificante, talvez, porque tudo o que eu conquisto acaba por ser uma conquista para todas nós, mais uma pedrinha colocada no monte que temos que fazer para chegar até ao sol, no que toca ao rap feito por mulheres”, defendeu.
No tema de abertura do disco, “Outra espécie”, canta que o “rap feminino nunca esteve tão ‘good’ [bom, em português]” e que as “manas” motivou “a serem fortes mulheres”. “Esquece aquilo que eles dizem podes ser o que quiseres”, incentiva na música.
Para Eva RapDiva, falar-se em rap no feminino “se for para fazer discriminação positiva é importante, se for para fazer discriminação negativa não”.
“Se falarmos em rap no feminino para podermos dar mais destaque às mulheres pode ser feito, se não o rap é rap e não tem género”, defendeu.
No entanto, “se calhar é importante particularizar por enquanto, enquanto é uma minoria, para que se possa defender melhor essa minoria, para que se possa discutir melhor a situação dessa minoria”. “Para que possamos fazer a tal discriminação positiva para que essa minoria possa estar em pé de igualdade com o outro género, o que não acontece nos dias de hoje”, disse.
Na música que faz mistura sonoridades que lhe “são familiares, culturais”, como a kizomba. “Algo que as pessoas, principalmente as que têm orgulho nas suas raízes devem fazer. O folclore, porque não sair dali um rap?”, questionou.
Eva RapDiva, que no ano passado atuou em Lisboa no festival Vodafone Mexefest e este ano integrou a Guerrilha Cor de Rosa da rapper portuguesa Capicua em dois espetáculos em Lisboa.
Na atuação no festival ficou “muito surpreendida e emocionada”, depois viu “críticas boas e foi muito bom”. “Quando os críticos aprovam, quando o público está lá, gosta, aplaude, fica até ao final, num festival onde há várias salas onde estão a acontecer coisas, e ter a sala cheia é algo que motiva bastante”, disse.
Este ano, para já, tem atuações marcadas no Rock in Rio Lisboa, em junho, e no festival MEO Sudoeste, na Zambujeira do Mar (Odemira), em agosto.
Nos concertos vai aproveitar para apresentar “Eva”, que conta com a participação de artistas como Gari Sinedima, Landrick, Reptail, Selda e Vuivui, e que na edição para o mercado português ganhou uma capa nova e um tema extra, “Lady Boss”.
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