Os criadores do drama médico “The Pitt”, que disparou para o top 5 das melhores estreias de originais de sempre da HBO Max, querem inspirar uma nova geração de profissionais no rescaldo da pandemia de COVID-19.
“Fiquei chocado quando descobri que este foi o primeiro ano em que as vagas em medicina de emergência não foram todas preenchidas”, disse o protagonista Noah Wyle, que é também produtor executivo da série e que tinha alcançado notoriedade com “ER: Serviço de Urgência”, entre 1994 e 2009.
“Fomos responsáveis por um grande aumento nos candidatos e investimento nesta disciplina e nalgumas das excelentes inovações que aconteceram nos últimos trinta anos”, disse o ator, falando do grande impacto cultural que a série “ER” teve.
Essa tendência declinou rapidamente após a pandemia e há agora uma escassez de enfermeiros e profissionais de emergência.
“Os problemas estão piores agora. Ainda estamos a recuperar da bomba nuclear que caiu sobre a comunidade médica em 2020”, disse Noah Wyle, que falava durante uma visita ao estúdio em Los Angeles onde a série é gravada.
“Em parte, quisemos fazer isto para focar nesta comunidade e inspirar a próxima geração de trabalhadores de saúde, para que entrem nestas posições porque precisamos deles”.
Trata-se de um regresso da equipa por trás do sucesso de “ER”, com John Wells, R. Scott Gemmill e Noah Wyle. O ator interpreta agora o médico Michael Rabinovitch, que lidera o serviço de emergência Pittsburgh Trauma Medical Center.
Mas há diferenças substanciais entre as séries. Cada episódio de “The Pitt” decorre ao longo de uma hora em tempo real, com a série a retratar a totalidade de um turno de 15 horas. Os episódios não têm banda sonora, uma decisão que Gemmill tomou por considerar que o ritmo frenético de um serviço de urgência não precisa de bengalas para transmitir a noção de emergência.
São também tratados temas atuais, como a crise de opiáceos e tiroteios em escolas.
“Conseguimos mostrar o que estes médicos e enfermeiros incríveis fazem o dia todo”, disse John Wells. “Tentamos que pareça que se está a ver por cima do ombro deles”.
A série tem o apoio técnico de quatro médicos de urgência, com o clínico Joe Sachs à cabeça, e oito enfermeiros que verificam a autenticidade da narrativa e dos procedimentos.
“O que estamos a tentar fazer é ganhar mais respeito no público”, disse Wells. “Quando as pessoas estão à espera nas urgências durante oito horas e não entendem porque é que não pode ser melhor, estamos a tentar dizer que isto é o que os profissionais estão a fazer”.
O estúdio, localizado na Warner Bros. em Burbank, foi desenhado antes mesmo de qualquer episódio, para permitir coreografar de forma mais precisa a sequência de procedimentos urgentes.
Todas as máquinas são funcionais, os materiais médicos verdadeiros e a arquitetura é similar a um hospital. Se quem entrar não souber que se trata de um estúdio, ficará com a sensação de que está numa ala real de urgências.
Os próprios atores compareceram à visita organizada para críticos e jornalistas envergando as suas fardas, algo que John Wells explicou.
“Ainda estamos a filmar e é por isso que toda a gente usa farda, porque o estúdio é tão grande e aberto que estão constantemente a ser apanhados em fundo”.
A atriz Katherine LaNasa, que interpreta a enfermeira Dana Evans, disse que isso ajuda ao naturalismo das cenas. “Usamos a mesma coisa todos os dias, estamos no mesmo espaço. Parece muito real para nós”.
Uma das características que tem sido salientada na série é a diversidade, com profissionais de várias etnias. Foi disso que falou Supriya Ganesh, que dá corpo à médica em formação Javadi.
“Sinto que se isto tivesse sido feito há algum tempo, seria um homem jovem a interpretar esta personagem”, afirmou.
Isa Briones, atriz por detrás da residente Trinity Santos, salientou a importância de interpretar a primeira médica de origem filipina numa série destas. “Tenho orgulho de fazer parte de uma série médica que mostra a diversidade que existe neste campo e que muitas vezes não é representada em televisão”, disse. “Muitos dos meus amigos e familiares são enfermeiros nas urgências e nunca vi filipinos representados, o que me parece de loucos”.
“The Pitt” tem novos episódios às quintas-feiras no serviço de streaming Max.
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