No final do século XVIII, a existência do Cemitério dos Inocentes, no coração de Paris, no bairro de Les Halles, causou problemas de saúde pública. Por isso, foi decidido interromper o funcionamento e o seu conteúdo precisou ser transferido para as antigas pedreiras subterrâneas da chamada Tombe-Issoire, no 14º distrito.
O ossuário municipal foi estabelecido em 1786 e recebeu o nome de "Catacumbas" em referência às necrópoles subterrâneas da antiga Roma. Foram depositados, no local, os restos mortais de milhões de pessoas que faleceram em Paris entre os séculos X e XVIII, provenientes de diferentes cemitérios parisienses.
550 mil visitantes por ano
O local foi aberto ao público em 1809, mas apenas com agendamento. Recebeu visitantes ilustres como Napoleão III, em 1860, e até mesmo um concerto clássico clandestino com músicos da Ópera de Paris foi realizado no monumento em 1897.
Atualmente, o acesso é livre sem autorização e recebe 550 mil visitantes por ano, em um percurso de 1,5 quilómetros.
Esse percurso oficial ocupa uma pequena fração da "Grande Rede Sul", estritamente proibida aos visitantes, que se estende por mais de 100 quilómetros sob os distritos 5, 6, 14 e 15 de Paris.
"Cataflics"
Para garantir que a proibição de visitas seja cumprida, existem os "cataflics" (no francês popular, flic significa polícia), agentes de intervenção e proteção da Polícia, que inspecionam periodicamente os túneis e as áreas subterrâneas. Os visitantes, frequentemente jovens, correm o risco de receber uma multa se forem apanhados pelas autoridades.
Também existe uma microssociedade de entusiastas das catacumbas que se autodenominam os "catáfilos".
Na microssociedade dos catáfilos, há foliões, entusiastas do património, "catalimpadores" que limpam os resíduos, ou mesmo "catacorredores", que se dedicam a fazer corridas subterrânea, com lanternas na testa.
Adolescentes perdidos e grandes vinhos roubados
É comum que visitantes inexperientes se percam neste labirinto: em 2017, dois adolescentes foram encontrados em estado de hipotermia, depois de vagarem pelos túneis durante mais de três dias.
No mesmo ano, mais de 300 garrafas de vinhos finos, avaliadas em 250.000 euros, foram roubadas de uma adega perto do Jardim de Luxemburgo. Os ladrões atravessaram as catacumbas e partiram uma parede ligada ao porão do estabelecimento.
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