Os We Have Band talvez sejam apenas mais um dos muitos projectos de apelo sazonal que, nos últimos anos, têm unido heranças do pós-punk a domínios da electrónica mais dançável. E não haverá mal nenhum nisso quando, pelo menos em concertos como o de ontem no MusicBox, tentam aproveitar o momento ao máximo com uma energia e boa disposição apreciáveis.
"WHB", o seu disco de estreia editado este ano, já tinha mostrado que estes três ex-profissionais de uma editora britânica tinham a lição bem estudada. Sem grandes riscos mas com frescura q.b., deixaram uma colecção de canções com perfil de single e vários piscares de olho às pistas. E como a actuação deste Verão em Paredes de Coura já tinha sugerido, é fora das aparelhagens ou dos iPods que temas como "Divisive" ou "Honeytrap" funcionam melhor - e ao vivo, mais do que no álbum, o facto de serem algo formulaicos até acaba por jogar a seu favor, já que mesmo quem não os conheça acaba por aderir rapidamente à dança.
Os próprios elementos do grupo foram, aliás, os primeiros a dar o corpo ao manifesto celebratório. Dede WP, a vocalista feminina, terá sido a principal instigadora, incapaz de se manter quieta em poses que aliaram dedicação e descontração tanto a cantar como de pandeireta em riste. Já Darren Bancroft, também na voz ou na pequena bateria, encarregou-se dos breves comentários dirigidos ao público entre as canções - e não lhe poupou elogios e agradecimentos. Mais discreto, Thomas WP cantou em alguns temas mas concentrou-se essencialmente na guitarra e no baixo. E se o trio já seria eficaz por si só, a presença extra de um baterista reforçou o apelo físico das suas canções, consolidando um alinhamento sem espaço para bocejos.
Sempre centrada no disco excepto no tema "Time After Time" (incluído numa compilação da editora Kitsuné), a actuação seguiu em crescendo até à efusiva apoteose registada antes do encore, cortesia de rebuçados pop como "You Came Out" e especialmente "Oh!", que passou de single orelhudo a portento flamejante (a pedir braços no ar e refrão gritado por grande parte do público). Com uma química tão evidente, pouco importou que as canções dos We Have Band nem sempre sejam das mais singulares - revelando bem a descendência de uns Human League e a proximidade comgrupos mais recentes como Juan Maclean, Chromeo ou Neon Neon. Na noite de ontem, pelo menos, o nome da bandanão enganou... e tivemos um bom concerto.
Texto @Gonçalo Sá/ Fotos @Graziela Costa
Videoclip de "Oh!":
Comentários