Mais uma vez, as hostilidades abriram-se com bandas nacionais. Em primeiro lugar, We Are The Damned. Com uma energia electrizante e uma atmosferahardcore, a banda foi capaz de cativar uma plateia ainda reduzida, e rapidamente houve lugar para o primeiro círculo de moche do festival, fazendo esquecer a descida de temperatura que se começava a fazer sentir.

Seguiram-se os experientes Malevolence, banda com 17 anos de carreira e um nome respeitavel no panorama do death metal Português. Os ritmos frenéticos e o ambiente agressivo continuaram a aquecer o ambiente, e a amálgama de headbangers continuava em crescendo, numa óbvia preparação para o que se viria a seguir.

Kalmah foram o terceiro grupo em palco. Numa vertente mais sinfónica, mas sem esquecer as raízes comuns ao death metal mais agressivo, os finlandeses mostraram um estilo já quase património do seu país - as referências a Children of Bodom foram uma constante por entre os membros do público - sendo uma agradável surpresa para muitos.

Seguiu-se Ihsahn, conhecido pelo seu trabalho nos Emperor e, mais recentemente, pelo projecto com a sua mulher, Peccatum. O norueguês, munido de uma visceral guitarra de oito cordas, trouxe ainda mais gente para perto do palco, havendo espaço para um momento de apoteóse nostálgica com uma versão de um tema da sua ex-banda.

Devin Townsend trouxe a primeira enchente consigo. Claramente idolatrado por grande parte do público, couberam ao canadiano alguns dos momentos altos da noite, por entre tiradas de humor, uma comunicação constante com o público e o desfile audio-visual em torno de "Ziltoid The Omniscient", o álbum conceptual acerca de um alienígena em busca da derradeira chávena de café. A estreia de Townsend em terras lusas foi um sucesso, e, mesmo estando grande parte da sua discografia a quilómetros de distância dos ambientes de morte, condenação e desespero que se viriam a seguir, a resposta da plateia foi excelente.

Para finalizar, um dos incontornáveis nomes do festival: Morbid Angel. Para os fãs do género, dispensam-se quaisquer apresentações: o quarteto ostenta, entre outros, o record de vendas mundial de um album de death metal.
"Brutalidade" será o termo que melhor descreve a actuação. O ambiente caótico esteve sempre presente, por entre uma velocidade assombrosa de pedais duplos e solos de guitarra, orquestrados pelos gritos guturais de David Vincent. Apesar do frio, houve certamente muita gente a suar naquele que, certamente, será um concerto a relembrar durante muitos anos.

Texto: Sérgio Castro / Tiago Fernandes
Fotografia: Sérgio Castro