PP – Em setembro do ano passado chegou às lojas “#3”, o mais recente disco de originais dos The Script – um álbum aparentemente mais pessoal que os anteriores da banda. O que mudou na abordagem discográfica dos The Script?

The Script – Não sei o que mudou, exatamente, mas tentamos escrever canções com a maior frequência possível, com as nossas mentes no presente. Cada música é como uma sessão de terapia. Talvez estejamos a mudar enquanto pessoas… Focamos toda a nossa atenção na composição e na melhoria do nosso trabalho enquanto produtores. Por vezes, pintas uma imagem na tua cabeça e o que vês não corresponde àquilo que os outros captam. E neste álbum conseguimos, com sucesso, retratar o que estava na nossa mente. Quando se aprende um novo método, trabalhas para ser o melhor.

PP – A mensagem otimista presente no vosso segundo álbum, “Science and Faith” mantém-se nesta nova etapa?

D – Sim. Neste momento podes estar num lugar menos bom da tua vida, mas vês a luz do dia e esqueces-te dos problemas. É essa, aliás, a mensagem do tema For The First Time. O tema é como uma cápsula, na qual tentamos agrupar os sentimentos das pessoas que perderam coisas valiosas na vida, materiais ou não. A canção marca a perceção de que podemos não ter muito, mas temos orgulho no que é nosso, temos orgulho em quem conhecemos.

PP – Hall of Fame foi o single de avanço deste novo álbum. Qual a história por detrás do tema?

Mark – Com os reality shows e com a cultura televisiva atual, os jovens têm a opção de tentar ser famosos por coisas insignificantes. Por comerem minhocas, por baixarem as calças e caírem bêbados no chão, em direto… Este padrão é um perigo para a nossa cultura e para a juventude. Uma música como a Hall of Fame quebra, no nosso entender, esse critério, o critério de ser famoso por nada. A nossa mensagem é: façam-se à vida, tentem pensar e chegar ao ponto mais alto que conseguirem. O nosso objetivo é inspirar pessoas do dia-a-dia, pessoas comuns, e não necessariamente atletas, que já têm a estrutura de mente correta.

PP – Participa no tema Will.i.am, com quem o Danny partilha, aliás, o palco e o júri no programa televisivo “The Voice UK”. Como surgiu a colaboração?

Danny – Tudo começou no backstage do programa. Estávamos a mostrar umas músicas um ao outro e o Will disse logo que queria participar na Hall of Fame. Ou seja, a dica para o dueto foi mútua e instantânea, pareceu-nos logo a opção certa. Não é uma música só dele ou só dos The Script – é uma junção perfeita das duas partes.

PP – Levada a cabo a parceria com Will.i.am, que outras colaborações vos fazem sonhar?

Glen Power – A nossa colaboração de sonho seria com a Adele. Fizemos uma digressão com a Adele, nos Estados Unidos – foi a nossa primeira tournée. Ela é uma cantora fantástica, que se adapta a muitos artistas. Seria interessante trabalharmos juntos.

PP – If you could see me now aborda o amor, o sentimento de perda… Acharam ser este o momento certo para escrever uma letra com um significado tão intenso?

D – Sim, pareceu-nos que este era o momento certo. A ideia para esta música surgiu do nada. Apenas sentimos que era a altura certa para falar sobre o assunto, sobre a morte de um familiar, de uma forma direta. As nossas composições estão, agora, mais concisas e esta música foi como um teste a todo o mantra que representa o álbum.

PP – E porquê a letra falada?

D – Porque há demasiado a dizer. Por vezes, as pessoas criticam quando começas a fazer pequenas mudanças no teu estilo, mas, ali, foi o mesmo que juntar uma linha de guitarra ou piano a outra música. Todo o instrumental pedia que a letra fosse falada e não cantada.

M – Tudo funcionou como um complemento.

PP – A vida na estrada, os concertos, as entrevistas… Quão entusiastas são os The Script em digressão?

M – A vida de artista em tournée é muito segmentada, sendo que a vantagem mais óbvia, o que mais gostamos, é o facto de podermos estar em palco quase todas as noites. Também é um prazer poder viajar e visitar tantas cidades e sítios bonitos – temos conhecido pessoas excelentes. Para ser honesto, o restante está abaixo disso. O trabalho de promoção é o mal necessário que temos que fazer, estarmos sentados numa sala a dar entrevistas o dia inteiro… Mas tudo corre bem se todos forem simpáticos.

PP – Que memórias guardam das anteriores passagens da banda por território nacional?

D – Grandes ressacas…

M – Lembro-me de tudo muito escuro pois, da última vez que cá estivemos, chegámos de noite. Tocámos no Dia dos Namorados, foi um concerto maravilhoso, toda a gente estava com a disposição certa naquela noite. Já temos muito boas memórias, mas ainda não tivemos oportunidade de visitar a cidade.

PP – Entusiasmados por voltarem?

G – Sim, muito, é bom poder voltar cá e apresentar o nosso novo alinhamento ao público português, as nossas músicas novas, as alterações que fizemos no nosso set…

M – Esta vai ser a última noite da digressão europeia e, provavelmente, vai ser a melhor. Temos todo o alinhamento no ponto e sabemos exatamente o que estamos a fazer.

Sara Fidalgo