Menos de um ano depois, o vocalista da banda, Ted Poley, regressa a solo como convidado de mais uma noite Rock em Stock, com Luís Filipe Barros, no BBC, em Lisboa.

O Palco Principal esteve à conversa com Ted Poley, conhecido pela sua irreverência em palco e pela energia que emprega em cada atuação.

Apesar dos muitos projetos em que tem estado envolvido ao longo dos anos e de uma carreira a solo muito regular, onde se conta um álbum recente, o cantor vem a Portugal com os grandes clássicos dos Danger Danger na bagagem.

Uma conversa solta e divertida, onde o artista atribui a responsabilidade por continuar envolvido na indústria à fidelidade do público e onde recuámos até ao início dos anos 80, época em que se tornou conhecido, não pelas proezas vocais, mas como baterista dos Prophet.

Palco Principal - Depois de tantos anos de espera, receber o Ted Poley em Portugal pela segunda vez em menos de um ano é uma supresa muito agradável. Começo por lhe perguntar se esperava a receção que os Danger Dangertiveram no Estoril, no verão passado...

Ted Poley - Olá! Muito obrigado e um grande olá aos meus fãs portugueses! Não estava à espera de uma multidão tão grande e simpática. Foi fantástico e acho que toda a gente passou um bom bocado, o que era o nosso principal objetivo. Diverti-me bastante e estou muito entusiasmado com o regresso!

P.P. - Desta vez, regressa a solo. O público conhece-o melhor pelo seu trabalho com os Danger Danger, mas também tem tido uma careira a solo bastante ativa -desde projetos como os Bone Machine ou Poley/Rivera, a vários álbuns em nome próprio. Que espetáculo é que vai apresentar em Lisboa, no próximo dia 18?

T.P. - Bem, eu estou de regresso sem os Danger Danger, mas espero voltar cá com eles um dia destes. Não estava planeado regressar sem eles... Fui contratado para fazer um espetáculo a solo em Madrid, mas o maravilhoso promotor que trouxe cá os Danger Danger em julho soube que eu ia estar próximo e, assim, acabámos por adicionar o espetáculo em Lisboa, e eu estou muito feliz por estar de volta. Geralmente, toco muitos temas dos meus álbuns a solo, em especial do meu novo CD, “Greatestits”, mas, desta vez, vou fazer, maioritariamente, um espetáculo com os maiores sucessos dos Danger Danger. Também vou tocar um tema ou dois meu, mas para estes dois espetáculos pensei que seria divertido cantar o máximo possível dos meus tempos com os Danger Danger...E vou tocar alguns que os D2 não costumam tocar ao vivo, por isso vai ser um alinhamento muito porreiro. Adoro quando os fãs cantam comigo e acho que eles sabem de cor as letras de todas canções que vou tocar, por isso acho que nos vamos divertir bastante.

P.P. - As datas em Madrid e Lisboa são apenas o início da nova digressão, que já tem muitas datas marcadas, um pouco por todo o mundo. Quem já teve oportunidade de o ver atuar, sabe que o Ted Poley dá tudo o que tem para dar em cima do palco. Sente saudades do palco?

T.P. - Obrigado pelo comentário! Dou sempre 150% em palco e, realmente, quando estou algum tempo fora do palco, tenho muitas saudades. Felizmente, tenho vários espetáculos já agendados e espero que apareçam mais contactos ao longo do ano.

P.P. - Quem é que o acompanha nesta digressão?

T.P. - Desta vez, vou ter a banda Guru como minha banda solo, com o grande David Palau na guitarra. Ele também toca com o Alejandro Sanz e é um guitarrista fantástico, pelo que estou muito entusiasmado por poder tocar com ele.

P.P. - O seu nome também está confirmado para o cartaz do Monsters of Rock Cruise, no final deste mês. Vários dias de cruzeiro nos trópicos e concertos ao lado de nomes como Tesla, Cinderella, Night Ranger, Y&T, Eric Martin e muitos outros parece-me uma ideia fantástica...

T.P. - Sim, vou precisar de umas feriazinhas depois da viagem a Portugal e Espanha (risos). Nunca estive num navio de cruzeiro antes, mas estou muito entusiasmado com a ideia de poder tocar o meu set acústico e passar um bom bocado com os meus amigos das outras bandas.

P.P. - Entretanto, os Danger Danger foram confirmados como cabeças de cartaz da próxima edição doFestival Firefest, em Nottingham, que se realiza em outubro. A banda não tocou muito depois do lançamento do álbum “Revolve”, em 2009... Estão a planear fazer mais datas?O Ted vai conseguir conciliar as duas digressões, ou o Firefest é um evento único?

T.P. - O Firefest é um festival de arromba...O melhor do seu género! Vai ser a única data dos Danger Danger no Reino Unido e, tanto quanto sei, também na Europa, apesar de, provavelmente, fazermos um show ou dois nos Estado Unidos antes de virmos, para praticar um pouco e fazer o aquecimento.

P.P. - Há pouco tempo, lançou no iTunes o tema Breathe, uma versão de Michelle Branch, e isso animou bastante a base de fãs, como se estivesse a abrir o apetite para um novo álbum. Mas, entretanto, não houve novidades. Além disso, não tem feito muitos vídeos depois dos primeiros tempos dos Danger Danger, mas escolheu precisamente este tema para fazer uma parceria com Jon Santos e produzir um video promocional. Pode contar-nos o que esteve por detrás deste projecto eoporquê deregressar com uma cover?

T.P. - Bem, as coisas não foram planeadas para acontecerem assim. Gravei Breathe porque gostava bastante do tema, e correu tão bem que acabei poro disponibilizar no iTunes e noutras lojas digitais, e as pessoas pareceram gostar. Entretanto, conheci o Jon e ele mostrou-me que era talentoso e que conseguia fazer-me um bom vídeo. Assim, eu escrevi o guião, co-dirigi com o Jon e resultou fantasticamente... Se tivesse sido há uns bons anos atrás, teria custado uma fortuna. Realmente, poderia ter usado uma das minhas canções e talvez o faça, com um tema do “Greatestits”. Por agora, vou lançar esta semana um novo produto: trata-se de uma edição especial precisamente do “Greatestits” em flash drive... Traz o conteúdos dos dois CDs, a capa, uma galeria de fotos, um calendário Ted Poley 2012, uma palheta rara (Ted Poley Purple), o single Breathe e o vídeo... Acho que é um pacote muito interessante para os fãs. Vou levar alguns comigo para Lisboa.

P.P. - São boas notícias! Ainda sobre o vídeo, acabou por resultar muito divertido e deu a conhecer a sua veia mais cómica... Já teve oportunidade de explorar mais as suas capacidades de representação?

T.P. - O meu objetivo era que fosse um vídeo divertido, por isso, ainda bem que achas que resultou! Divertimo-nos imenso, mas também foi um trabalho muito duro, exigiu um planeamento muito rigoroso. Além disso, eu fiz todos os adereços e os fatos.

P.P. - Isto lembra-me que, depois de mais de duas décadas de carreira, os Danger Danger ainda não têm um DVD oficial. Há alguma coisa pensada para corrigir essa falta? Por exemplo, muitas bandas têm gravado as atuações no Firefest, e este ano, como cabeças de cartaz, poderia ser uma boa oportunidade...

T.P. - Não conheço planos para produzir um DVD mas, também, eu sou sempre o último a saber das coisas, por isso há sempre uma possibilidade... Se souberes de alguma coisa, avisa-me, ok? (risos).

P.P. - O último álbum dos Danger Danger -“Revolve”, de 2009 -foi o primeiro que a banda lançou depois do seu regresso, em 2004, e é um álbum fantástico, com muitos pontos altos. Parece-me que é um álbum que ainda tem muito para oferecer e não foi suficientemente explorado mas, entretanto, já passaram quase três anos e a banda não tem tocado muito ao vivo. Há planos para um novo álbum?

T.P. - Não, não existem planos para um novo CD. Nada é impossível, mas acho que é improvável. O “Revolve” foi um trabalho muito duro e demorou muito tempo a concluir. Se eles quiserem escrever outro CD, terei muito prazer em cantar, mas esta é uma questão que deverá ser o Bruno [Ravel, baixista, produtor e principal compositor da banda] a responder. Mesmo assim, o “Revolve” ainda é um álbum relativamente novo. Acho que é o melhor que os Danger Danger alguma vez lançaram e não estou com pressa para tentar superá-lo. O Bruno fez um excelente trabalho de produção e, realmente, adoro o som daquele CD.

P.P. - Além de ser o cantor e entertainer que todos conhecemos, começou por ser conhecido como o baterista dos Prophet. Sempre quis perguntar-lhe como é que tudo aconteceu: o Ted Poley era um cantor escondido, à espera de uma oportunidade, ou um baterista que descobriu que sabia cantar?

T.P. - Na realidade, sempre fui um baterista e nunca quis ser um vocalista. Detestava estar na ribalta porque sou bastante tímido e gostava de ficar escondido atrás da bateria. Ainda hoje, é muito difícil para mim ser o frontman, mas adoro os fãs, eles fazem-me sentir confortável no palco e acabo sempre por me divertir bastante, mas confesso que o momento antes de entrar em palco continua a ser assustador para mim.

P.P. - E ainda toca bateria?

T.P. - Ainda gosto de saltar para trás da bateria de vez em quando, e tocar um bocadinho, mas tenho um problema num nervo do braço direito que me impede de tocar bateria como deve ser. Mesmo só por pouco tempo, torna-se muito doloroso, e é difícil segurar na baqueta, mas às vezes tento, porque sempre adorei tocar bateria. Está a ficar cada vez mais difícil, é-me cada vez mais doloroso segurar nas coisas, até mesmo no microfone, com a mão direita. Mas a percussão soa tão bem quando sai de um sistema de som poderoso que eu tenho que tentar tocar, nem que seja só por um bocadinho, mas já não sou capaz de tocar como antigamente.

P.P. - Muitas bandas e artistas norte-americanos que fazem hard rock/ rock melódico parecem ter reencontrado o caminho para a Europa, depois de um longo período de algum afastamento. Se há alguns anos atrás, era a indústria e o mercado americanos que ditavam as regras, agora parecem ser os festivais e as editoras europeias a demonstrar um maior entusiasmo pelo género. Concorda? Quais são as maiores diferenças que encontra na indústria musical, um pouco por todo o mundo, hoje em dia?

T.P. - Basicamente, os fãs são iguais em todo o mundo: têm o mesmo amor pela música, cantam connosco e, basicamente, querem passar um bom bocado. Mas realmente, neste momento, a cena nos EUA já não está muito favorável para o rock, pelo que, tirando alguns festivais de verão e algumas digressões por pequenos clubes, não se vêem muitos espetáculos e festivais porreiros de rock, como existem na Europa. As coisas também me têm corrido supreendentemente bem na América do Sul e até vou tocar no México, pela primeira vez, em março. Mas tenho percebido que os fãs são fantásticos em todo o lado e é por isso que continuo a fazer o que faço.

P.P. - Muito obrigada pela atenção e até daqui a uma semana!

T.P. - Thank you!! Ou devo dizer 'obrigado'!!!? Vejo-vos em breve… Preparem-se para uma grande noite de rock!

Liliana Nascimento