Depois de ter feito uma pausa na sua carreira musical para assumir a pasta de Ministra da Cultura do Peru, onde teve a possibilidade de aproximar todos os agentes da cultura do seu país, Susana Baca não aguentou mais as saudades e regressou aos concertos.

«Eu não poderia deixar de cantar, sentia como que uma argola a apertar-me o pescoço», confessou a ex-ministra ao SAPO.

Esta é a sexta vez que a intérprete vem a Portugal e considera que o país está um pouco diferente, refletindo a preocupação de fazer frente à crise que assola toda a Europa.

Para a cantora o «público português é muito entendido em música e tem os ouvidos abertos para escutar sonoridades de outros lugares».

Este concerto será dominado pelo novo disco da peruana, «Afrodiaspora», no qual Susana Baca teve oportunidade de trabalhar com diferentes compositores e produtores, como Javier Ruibal de Cádiz, Iván Benavides, Javier Lazo e Victor Merino.

Em «Afrodiaspora» é prestada homenagem a ícones já desaparecidos da world music, como é o caso da mexicana Amparo Ochoa ou da cubana Celia Cruz.

Vencedora de dois Grammys, Susana Baca coloca neste novo trabalho discográfico as experiências de inúmeras viagens e oferece-nos um olhar íntimo sobre o impacto da música africana no mundo.

Para a cantora a existe uma ligação entre os vários países da diáspora africana e essa é feita pelos ritmos de África.

Muitas vezes comparada a Cesária Évora, diva de Cabo Verde, falecida a 17 de dezembro de 2011, Susana Baca não estranha o rótulo de «Cesária Évora do Perú» e considera que isso se deve «à maneira como se expressa um sentimento, porque a Cesária tinha essa qualidade, de trazer na sua voz o sentir de um povo. Acho que comigo passa-se o mesmo, o carregar o sentimento do povo latino-americano na minha voz».

Para a Casa da Música e para o CCB espera-se «música de festa e celebração». «Podem tentar mexer os pés, dançar. É isto que vão sentir ao escutarem os tambores, os cajones», prometeu a cantora.

@Edson Vital