Estamos em pleno mês de outubro, os dias são quentes e as noites frescas. Lisboa continua a apresentar-se bela, airosa e com vários eventos coloridos a desfilar pelas ruas. Contudo, foi de preto que nos vestimos para receber, pela segunda vez em Portugal, a banda polaca RIVERSIDE.

O quarteto, constituído por Mariusz Duda (vocalista e baixista), Piotr Grudziński (guitarrista), Piotr Kozieradzki (baterista) e Michał Łapaj (teclista), desde 2001 que percorre as estradas europeias, dando a conhecer os seus sucessos. Se em 2007 a banda de Varsóvia esteve no Porto para abrir o concerto de Dream Theater, desta vez, veio a Lisboa comemorar o seu 10º aniversário, assinalado com o lançamento do EP “Memories Of My Head”.

A promotora do evento havia noticiado que, devido ao facto do concerto ter a duração prevista de duas horas, desta vez não iria haver nenhuma banda de abertura. A sala estava, então, completamente cheia para receber os RIVERSIDE, sendo que a maioria das pessoas presentes se destacava através das t-shirts a publicitar a banda e também as suas influências, entre as quais os Dream Theater.

Em cima do palco, para além dos instrumentos musicais, quatro faixas iluminadas alusivas aos quatro trabalhos discográficos da banda compunham o cenário acolhedor.
Pouco passava das 21h30 quando o grupo subiu ao palco sob um forte aplauso e gritos eufóricos vindos do público. Para começar e deliciar todos os presentes, as canções
After e
Artificial Smile, que fazem parte do álbum "Second Life Syndrome". Depressa o público começou a entrar no ritmo e a corresponder ao apelo das palmas pedidas pelo vocalista.
Se para as bandas de Rock Progressivo, o visual é algo a ter em consideração, podemos afirmar que os RIVERSIDE não se preocupam demasiado com isso e optam pelo que é mais simples. De destacar a caricata t-shirt que o vocalista tinha vestido, que remetia para um dos mais populares videojogos do momento - Angry Birds.

Os RIVERSIDE revisitaram, de facto, todos os seus grandes êxitos e os presentes tinham as letras das músicas na ponta da língua. Ao vivo, as músicas têm outro sabor, tornam-se mais doces e quentes e acabam por nos aconchegar, fazendo-nos esquecer do frio que se fazia sentir na rua.

Continuando a percorrer a lista de canções, seguiu-se
Hyperactive,
Living In The Past e
Ultimate Trip. Se as suas canções proporcionam uma viagem por entre as sensações de melancolia e tristeza, o público também encontrou o reverso da medalha. De forma simples e subtil, o vocalista trocava palavras com público e fez assinalar o seu sentido de humor, dizendo que não eram uma banda de heavy metal de olhar carrancudo. Pelo contrário, o quarteto gosta de compor e tocar canções simples, para que todas as pessoas tenham o prazer de ouvir.

Egoist Hedionist,
Left Out e
Loose Heart também fizeram parte da setlist, assim como, a terminar a noite, as músicas
02 Panic Room e
Second Life Syndrome.

O tempo, essa referência que marca os acontecimentos, já nos dava conta que tinha passado cerca de hora e meia de espetáculo, mas o público queria mais e os RIVERSIDE fizeram a vontade. No primeiro encore tiveram lugar
Forgotten Land e
Reality Dream III, canções que certamente o público não irá esquecer. Por entre "muito obrigado" repetidos vezes sem conta e "vocês são os melhores", os RIVERSIDE afirmaram que adoraram a cidadede Lisboae que esperavam regressar novamente ao nosso país no próximo ano.

Sendo o público português um público entusiasta, a banda regressou novamente para o último encore e encerrou o espetáculo com a canção
The Curtain Falls. Cada membro da banda deixou o palco após finalizar o seu solo instrumental e, no fim, regressaram todos apenas para fazer uma vénia.

A noite pode ter-se vestido de negro, mas as nossas mentes ficaram iluminadas com a grande performance que a banda polaca nos ofereceu, numa sala que proporciona momentos bastante peculiares e uma ótima acústica.

Texto: Ana Cláudia Silva

Fotografias: Paulo Tavares