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Fez parte dos Pulp ou dos Longpigs, colaborou com nomes como Arctic Monkeys ou Robbie Williams, mas segue há anos o seu próprio caminho. "Vivo numa bolha, não ouço muita música. Tens de estar por tua conta e não ter medo", diz-nos Richard Hawley, que atua segunda-feira no TMN ao Vivo, em Lisboa. "Não olho para trás, não é saudável. Se olhares para trás ao longo da vida perdes muita beleza", explica-nos o cantautor, guitarrista e produtor britânico, em entrevista por e-mail, e descarta-nos logo qualquer hipótese de revisitarmos um passado generoso em colaborações - ligadas ao rock dos Longpigs ou dos Pulp (dos quais fez parte), dos Elbow ou dos Arctic Monkeys, e por vezes à pop de Robbie Williams ou das All Saints (foram dele os acordes da cover de "Under the Bridge"). "Colaborei com tantos artistas que nem me lembro de todos e isso foi há tanto tempo que nem é relevante", dispara. De facto, estas referências dizem pouco das canções que Richard Hawley nos tem apresentado nos últimos tempos, desde que se estreou a solo, em 2001, com o mini álbum homónimo. E a partir daí nunca mais parou, tanto que "Standing at the Sky's Edge", o novo disco, editado em maio deste ano, é já o sétimo. Quem esperava mais do mesmo - leia-se elegantes canções orquestrais - deparou-se com aquela que será, talvez, a maior viragem na discografia do músico de 45 anos. Grande parte do alinhamento mantém-se grandioso, mas agora em terreno psicadélico, distorcido, mais agreste do que aquilo a que Hawley nos habituou - mas "sem perder o seu apelo único", garante o The Guardian, uma das muitas publicações britânicas que se rendeu aos seus encantos. "Só queria tocar guitarra e esquecer as orquestrações durante uns tempos, desafiar-me e alargar as minhas sonoridades habituais. O álbum foi praticamente gravado ao vivo com amigos e a minha banda", realça o cantor. O seu álbum é, de resto, o que mais tem ouvido, uma vez que se mantém à margem do cenário musical atual: "Não ouço muita música, isso influencia-te muito e não quero fazer parte de uma cena". Além de não falar da música dos outros, não se alonga muito ao falar da sua, nem mesmo quando lhe perguntamos como é que as texturas de "Standing at the Sky's Edge", bem mais complexas do que as de discos anteriores, serão exploradas em palcos como o do TMN ao Vivo. "Terão de esperar para ver", remata, reencaminhando os curiosos para a sala lisboeta na próxima segunda-feira. Richard Hawley atua no TMN ao Vivo, em Lisboa, a 22 de outubro. A primeira parte está a cargo das Smoke Fairies, dupla folk britânica, e o espetáculo arranca às 21 horas. @Gonçalo Sá <
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