Era um dos concertos mais aguardadosdeste início de ano. Tão aguardado que o Grande Auditório do Centro Cultural de Belém esgotou,com fãs da banda, músicos da praça e amigos do grupo a garantir o seu lugar na plateia.

Lotar a sala do CCB não é uma tarefa propriamente difícil, bem sabemos. Mas torna-se digna de destaque quando em causa está uma banda portuguesa com apenas um álbum no mercado.

O espetáculo teve como grande mote a apresentação das canções que compõem o novo disco, de título homónimo, e que -prevê-se -verá a luz do dia em abril. E desengane-se quem pensa que o sucessor de “Mixtape” não fará sucesso porque este primeiro exemplar se mantém, ainda,à espreita. O supergrupo,composto por Mira Professional (Sam The Kid) nos samples, Cruz (Cruzfader) enquanto DJ, Gomes Prodigy (João Gomes) nos teclados, Rebelo Jazz Bass (Francisco Rebelo) no baixo e na guitarra e Ferrano (Fred Ferreira) na bateria, fez, com as novas «brincadeiras»,o maior sucesso durante todo o espetáculo.

O estilo irreverente que bem ficámos a conhecer nestes últimosanosmantém-se nos novos temas. O hip-hop, o r&b, a soul e o funk também e fazem-nos sentir, minuto a minuto, limitados ao espaço das cadeiras. Quando as semelhanças ritmícas entre álbuns e temas prometem confundir qualquer um, o público, rendido, reconhece cada acorde.

Ilustra a atuaçãoum imponente jogo de luz, que faz os mais atentos esquecer a falta de comunicação entre banda e plateia. Afinal, que mais se pode pedir, perante tamanha cumplicidade e ecletismo musical?

Ao longo de 70 minutos, foram apresentados os novos temas, mas os antigos, tais como 919 19169, M.I.R.I.A.M., Blessed ou Since You've Been Gone, também não ficaram de fora. A Luta,single de apresentação do novo registo, que roda desde novembro nas playlists das rádios nacionais,nãodeu qualquerluta àqueles que queriam dançar, com alguns audazes, espalhados pelas galerias, a darem o belo do exemplo.

Foi um concerto sem pontos altos. Mas também sem pontos baixos. Começou lá em cima e não mais de lá saiu, entre fortes aplausos, gritos de apoio e expetativas mais do que correspondidas.

Terminado o espetáculo, o público, mais que satisfeito, pediu mais, mas os músicos não devolveram o desejado encore.Há queesperar pela nova aventura discográfica dos cinco magníficos, brevemente nas lojas nacionais.

Ana Cláudia Silva