Os Lacraus são uma banda rock “em que nada há de revolucionário”. “Não temos de inventar nada e isso em certa medida é reconfortante”, conta Tiago ao SAPO Música sobre o grupo.
Há cerca de um ano Tiago começou a compor algumas canções inspiradas no som dos Clash e de Bruce Springsteen, mais precisamente nos seus primeiros sete discos. A textura mais rock destas músicas inspirou o regresso d'Os Lacraus, projeto da editora FlorCaveira interrompido desde 2007.
Flannery O’Connor, escritora americana que morreu de lúpus em 1964 com 39 anos, também está diretamente ligada ao regresso d'Os Lacraus.
Foi depois de ler um dos seus livros, "Mistery and Manner", que Tiago escreveu “Canção para a Flannery O’Connor” e a sua morte serviu de mote para o nome do álbum. “O nome do disco só foi decidido depois de todas as músicas estarem gravadas e a frase “Encaras o lobo na cama, dás-me dieta de sangue e mel” do tema “Canção para a Flannery O’Connor” destacou-se, inspirando então o trocadilho sobre encarar o lobo”, diz-nos o vocalista.
O disco foi produzido por Armando Teixeira (Balla, ex-Bizarra Locomotiva) e masterizado por Nelson Carvalho (David Fonseca, Sean Riley & The Slowriders, X-Wife, Rita Redshoes). Muitos poderiam pensar que o som rock d'Os Lacraus teria pouco em comum com o que conhecemos do produtor, mas para a banda “tem tudo a ver”. “Conhecemos o Armando há dois anos e ficámos amigos. Ele convidou-nos para participar no seu disco e a partir daí ofereceu-se caso quiséssemos gravar alguma coisa e essa coisa tornou-se no álbum d'Os Lacraus”, explica Tiago, que acrescenta que “este disco não seria de todo a mesma coisa sem o Armando”.
Como resultado dessa parceria surge um “disco cru, rock, abrasivo, com grandes canções, mas feito por trintões. É uma espécie de voltar à essência, ao punk que está cá desde sempre, mas por trintões”, afirma Ben.
Liricamente, “Os Lacraus encaram o lobo” é composto por letras diretas, muito “in your face”. “Isto é um bocado indissociável do estilo de música que estamos a fazer. Eu acho que há um certo confronto e isso agrada-me”, confessa Tiago.
O plano d'Os Lacraus passa por tocarem ao máximo este novo trabalho, “mas a verdade é que hoje em dia temos de dar mais de nós para fazer o que antigamente era mais simples, dar um concerto. Como as coisas estão mais complicadas, temos de dar mais de nós para que estes concertos aconteçam e provavelmente as pessoas que estiverem interessadas em ouvir terão de dar mais de si. E talvez isso faça com que os concertos sejam mais interessantes”, desenvolve Tiago.
Ben reafirma o desejo da banda em tocar o máximo possível: “Trata-se de um disco que tem esse feeling de disco ao vivo e nós realmente queremos tocar este disco ao vivo”.
@Edson Vital
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